23/10/2018

Círio de Nazaré 2018 - Quinta Parte

Sábado, 13 de outubro - 05h00

Sai do hotel. O sol ainda nem pensava em nascer. Tudo estava escuro. Peguei um táxi e fui à Estação das Docas para embarque no Catamarã Rondônia, uma super embarcação, para participar da Romaria Fluvial.

Embarcamos um pouco antes das seis da manhã. Na fila, já conheci a Dani, que virou minha mais nova amiga de infância.
O serviço foi de primeira: kit de café da manhã com pães salgados, doces e iogurte. Café com leite e água à vontade durante todo o percurso. Embarque organizado, com tripulação e equipe da agência de viagens/receptivo prontas para a recepção e condução das atividades.

Ficamos no deck superior e sentamos em um local maravilhoso para apreciar a viagem até próximo de Icoaraci, distrito de Belém, que fica 20 km distante do Centro.

Lá aguardamos a saída da Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Nazaré no navio da Marinha do Brasil. Por ordem da Capitania dos Portos, devido ao tamanho do navio, nossa embarcação fez guarda à Nossa Senhora, juntamente com três outros navios da Marinha.

Nazinha está no barco branco - H37
Foi um momento emocionante, navegar tão próximo à Nazinha e ver as embarcações enfeitadas seguindo-a. Os pequenos barquinhos do ribeirinhos seguiam a procissão e isso coloria mais o cenário.


Durante o trajeto, uma banda tocava louvores à Nossa Senhora e fez algumas apresentações de manifestações regionais.

Após o Círio Fluvial, saiu a Motoromaria e a Farra do Boi.

Fui descansar no hotel e, à noite, participei da Trasladação com minhas novas amigas: Dani, Rose Mary, Sylvia e Adriana.


A Imagem Peregrina é levada, na Motoromaria, até o Colégio Gentil Bittencourt, onde fica até a celebração da tarde. Por volta das 17h50, saiu em direção a Catedral da Sé. A procissão é conhecida como "luminosa", porque a cidade se ilumina e as pessoas levam velas para acompanhar a procissão. Tem quase quatro quilômetros e o percurso é no sentido contrário do Círio no domingo. A berlinda de Nossa Senhora é atrelada a uma corda de 400 m, puxada por cinco estações (que representam as Estações da Via Sacra). Na corda, os promesseiros se reúnem para levar Nossa Senhora de Nazaré.

Caminhamos na frente da procissão até a Catedral da Sé, onde rezamos e, no entorno, havia várias barracas de alimentação. Pessoas que fizeram salgados, doces e comidas típicas e levaram seus "panelões" para vender (a preços baixos, comida muito boa e bem preparada). Após o lanche e descanso, retornamos para frente da Estação das Docas, onde aguardamos a passagem da Berlinda.

Conversei com uma senhorinha de 70 anos, que disse que todo ano, no dia do Círio, ia na corda. Vinha a pé de um bairro distante, ficava pelas Docas para ver a Trasladação e dormia por lá para aguardar a saída no domingo. Exemplos de fé estavam espalhados pela cidade. Muitas pessoas fizeram o trajeto de joelhos, descalças, carregando ex-votos ou objetos que representem a graça alcançada. A Cruz Vermelha teve bastante trabalho para atender as pessoas e ajudar àqueles que precisavam. Voluntários (jovens em sua maioria) ajudavam também aos promesseiros, colocando papelão por onde as pessoas passariam de joelhos.

Ficamos próximos à Varanda de Nazaré, da Fafá de Belém, mas não vi minha diva Mariana Belém. Ainda bem! Acho que eu ia não dar muito certo encontrá-la.

Durante todo o trajeto, nas arquibancadas, nas janelas, nas sacadas, na porta das casas, estabelecimentos comerciais, hotéis, bancos, etc havia uma homenagem para Nossa Senhora de Nazaré. Muitos corais, bandas tocando, pessoas pagando promessas entregando água, velas, terços, lanches. Um momento de solidariedade e de união! O Círio de Nazaré é de todos! Maria adota a todos! Todos somos filhos de Deus, não importa como o chamamos!

Preciso registrar que algumas igrejas pentecostais abriram suas portas para acolher peregrinos com uma massagem, atendimento médico (se necessário), distribuição de lanches e água. Não tenho preconceito, registro aqui por escrito, porque faz-se necessário ressaltar essa ajuda. Outras denominações cristãs, religiosas de matriz africana, ateus, etc, etc, etc oferecem ajuda e água.

Água gelada para os caminham. Água em temperatura ambiente para jogar na cabeça daqueles que vem na corda. Água para aliviar o calor do asfalto, que, mesmo à noite, ainda estava quente. Água para abençoar. Água, fonte da Vida!!!

São muitas situações geradoras de Vida que vi nesse caminho!!! E muita emoção pela acolhida que tive por parte das meninas!!! Eu as agradecia e pedia desculpas se as estava atrasando. Porém, recebia uma mão para ajudar no caminhar, um sorriso sincero e doces palavras. Rezamos, cantamos e caminhamos juntas! Irmãs na fé e na vida!!!

Confesso que da Trasladação, tirei apenas duas fotos. As demais pedi à meninas que tirassem e me enviassem, porque queria experienciar. E a experiência valeu muito a pena! E as fotos ficaram lindas, como podem ver.

Por volta das 22h30, a berlinda passou em nossa frente! Um momento de oração, as mãos se elevam para a Mãe Maria, invocada sob o título de Nazaré (local onde apareceu). Ela passa rápido, mas o momento parece que se estende. Os físicos quânticos podem ajudar na descrição da sensação.


O grande momento quando Nossa Senhora de Nazaré
passou na nossa frente. Grande emoção!
A corda já havia sido cortada. Esperamos uns momentos e seguimos a berlinda. Seguimos até a Sé, de onde peguei carona com as meninas.

Ainda tive a oportunidade de visitar a casa de uma delas e ser recebida de braços abertos pela mãe da Adriana. A hospitalidade do paraense é tão grande que a Rose Mary só ficou tranquila depois que me deixou no hotel.

Esse é o espírito!!! Essa é a hospitalidade que tanto falo!!! Esse é um dos braços da Pastoral do Turismo!!! Isso é ser cristão!!! Uma experiência única!!!

Não ficamos para a Santa Missa, na Sé, mas afirmo à você, querido leitor, que foi assim que o dia do peregrino terminou. E muitas pessoas dormiram na rua para aguardar a Santa Missa, às 05h30, no domingo, e seguir a procissão do Círio de Nazaré. Após a celebração, a Imagem Peregrina foi levada ao Colégio do Carmo, onde foi preparada para o dia seguinte. Estima-se que 1,4 milhões de pessoas participaram da Trasladação. 

A berlinda estava simples, com menos flores do que nos anos anteriores. Isso fez com que a Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Nazaré resplandecesse e ficasse mais visível aos olhos do povo. Um detalhe curioso: foi decorada com mais de 12 mil flores levadas de Holambra, cidade do interior de São Paulo, transportadas por avião em uma câmara fria.

Terminei a noite descansando no hotel e organizando-me para o Círio de Nazaré. Experiência que contarei em uma nova publicação.

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