18/10/2018

Círio de Nazaré 2018 - Primeira Parte


Já posso riscar mais um item da minha lista de coisas para fazer antes de morrer: participar do Círio de Nazaré.

Antes de descrever a experiência (o que é difícil), um pouquinho de história e informações. Prepara-se que é textão! Mas, dividirei o relato em partes, ok?

A pequenina imagem de Nossa Senhora de Nazaré foi encontrada por um caboclo, Plácido José de Souza, em uma bifurcação de um taperebazeiro (árvore do taperebá), na margem do igarapé, no mês de outubro de 1700. Conta-se que a imagem tinha um manto e um papel costurado na parte interna onde se lia "Nossa Senhora de Nazaré do Desterro". Em sua casa, colocou-a em um altar de miriti (madeira que tem o peso de isopor), onde havia um crucifixo e outras imagens de santos de sua devoção. No dia seguinte, a imagem tinha sumido. Retornou ao local do achado e encontrou a imagem, que havia retornado sozinha ao local onde fora encontrada. E assim se repetiu outras vezes. Plácido entendeu que Ela deveria ficar no local do encontro. A história se espalhou e chegou ao ouvido do Superintende da época. Este duvidou de Plácido e levou a imagem para o Palácio do Governo, guardou no cofre e colocou dois guardas para que a imagem não sumisse. Mas o que aconteceu? Nossa Senhora de Nazaré retornou ao mesmo local onde foi encontrada. O local do encontro, hoje, é a rua atrás do Santuário Basílica de Nossa Senhora de Nazaré do Desterro.

A origem da imagem é desconhecida, mas não é preciso ir atrás desse fato. Nossa Senhora de Nazaré é louvada, visitada e amada por seus filhos. A imagem encontrada tem feições européias.

A devoção se intensificou e a ermida construída por Plácido ficou pequena. O local, chamado de "Arraial de Nazaré", começou a receber muitos peregrinos que vinham ver a Santa (como os paraenses chamam carinhosamente Nossa Senhora).

Por quê o nome Círio de Nazaré? Círio é a mãe de todas as velas, é o Círio Pascal, aceso na celebração do Sábado Santo. A vela abria a procissão no início de tudo. Ouvi várias explicações e peço socorro aos irmãos paraenses para utilizar a correta (ou mais aceita).

A manifestação religiosa, que ocorre no segundo domingo do mês de outubro, tem vários símbolos, dos quais posso destacar:

- A Imagem Original, que fica guardadinha no Glória, na Basílica, e só desce duas vezes por ano. Uma delas é no Círio. É o momento em que fica mais próxima ao povo. Tem feições européias.

- A Imagem Peregrina tem feições indígenas e sai na procissão. Na sexta-feira, sai da Basílica em direção à Ananindeua, acompanha por carros e bicicletas. No sábado, bem cedo, após a Santa Missa, sai da orla de Icoaraci, em uma barco da Marinha pela Baía do Guajará e acompanhada por muitas embarcações, desde as grandes até os barquinhos dos ribeirinhos. Uma procissão lindíssima! Fica exposta por quinze dias na Praça Santuário.

- A berlinda onde a Imagem Peregrina é levada na Trasladação e no Círio.

- A corda, que foi utilizada pela primeira vez em 1885, quando uma enchente do rio fez com que fosse necessária uma corda para desatolar a berlinda e conduzi-la pelo restante da procissão. É disputada pelos promesseiros.

- O Manto. Sua apresentação é muita esperada pelos fiéis.

O Círio inicia com a apresentação do cartaz, que é distribuído e colocado no comércio e na porta das casas. As famílias mandam fazer a camiseta do Círio ou compram as que são oferecidas no comércio. Muitas são customizadas ou confeccionadas com lindos bordados.

Muitas são as homenagens à Nossa Senhora de Nazaré.

Amanhã, relatarei como decidi ir ao Círio de Nazaré e a chegada em Belém, Pará.

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