27/10/2022

Quando a partilha é só para alguns

 Há algum tempo, contei para vocês como a partilha deve ser para todos.

Recentemente, presenciei o que não deve ser repetido nunca mais. Uma festa só para alguns e os que não se encaixam são convidados a se retirar. E assim a pessoa indesejada por peso e compleição se retirou. Quando retornou, a mesa de trabalho havia se tornado um lixão. Ideia dos colegas que desprezam a pessoa.

Uma vergonha pessoas que ganham altos salários discriminarem e legitimarem que a pessoa é considerada um lixo com essa atitude.

Que diferença entre as partilhas!

E quando se responde a esse tipo de atitude, considera-se a pessoa que reagiu como louca. Interessante!

24/10/2022

#12 - Dandara e Zumbi

 Há algum tempo, eu via a propaganda da Editora Mostarda no Facebook.

Na Bienal Internacional do Livro de São Paulo 2022, eu resolvi conhecer mais de perto esse trabalho lindo e de luta.

Para começar, li o livro "Dandara e Zumbi". A obra conta a trajetória de Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares, e Dandara, companheira de Zumbi e guerreira. Remota a história de sofrimento, resistência e luta do período colonial do Brasil. Zumbi e Dandara se tornaram símbolos da valorização da cultura afro-brasileira e da luta contra o racismo.

O livro faz parte da coleção Black Power, que apresenta biografias de personalidades negras que marcaram época e são inspiração e exemplos para as novas gerações (e para todxs nós). 

São textos simples e de uma beleza ímpar. As ilustrações nos transportam para um outro tempo e nos leva a refletir muito sobre as situações vivenciadas pelas pessoas retratadas. 

É uma viagem repleta de fatos históricos bem embasados e acompanhamos os personagens símbolos de resistência, luta, alegria e poesia.

Há duas coleções com livros maravilhosos e também edições especiais, além de boxes especiais com as coleções e brindes especiais. E ainda tem a versão acessível em Braille e fonte ampliada.

As obras narram a vida e os ensinamentos que esses personagens nos deixaram. Acima de tudo, pretendem ressignificar os valores e costumes sociais como o racismo, preconceitos, intolerâncias e violências.

Lembro que o ensino da História e Cultura Afro-Brasileira é obrigatório na Educação Básica, de acordo com a Lei nº 10.639/2003.

Há também uma coleção sobre os indígenas, nossos povos da floresta, donos dessa terra. E vários livros educativos, excelentes para se promover uma educação antirracista, diversa, plural e humanizada.

Um livro infantil que deve ser lido por crianças e adultos. Leitura obrigatória!!! Vale muito a leitura!!!

Visite o site da Editora Mostarda: https://www.editoramostarda.com.br/

22/10/2022

#11 - A revista do Círio de Nazaré em quadrinhos, Luiz Pinto

 Uma revista em quadrinhos que eu trouxe de Belém / Pará, em 2018. Demorei todo esse tempo para ler, mas a leitura veio em um bom momento, no mês de outubro, antes do Recírio, após ter revivido o Círio de Nazaré (mesmo de forma virtual).

Conta a história desde o início da procissão do Círio de Nossa Senhora de Nazaré. Personagens interessantes e uma narrativa didática.

Uma pincelada de uma das maiores expressões da fé popular que já vi e pude vivenciar.


#10 - O sequestro da Independência: uma história da construção do mito do Sete de Setembro, de Carlos Lima Jr, Lilia Moritz Schwarcz e Lúcia Klück Stumpf

 Ano de Bicentenário da Independência. Tinha que ler algo sobre a real situação do Brasil na época da efeméride e fazer as conexões com a atualidade.

O livro discute os sequestros do fato passado, suas consequências, sua instrumentalização a favor de interesses políticos a partir de imagens. É uma construção importante nos tempos sombrios que vivemos e que lutamos para reverter.

A história oficial é euroupeia, pacífica, masculina e unificadora. Cabe aos estudiosos desvelar os fatos, acontecimentos e análises. A nós cabe estudar, estudar, estudar, interpretar, fazer relações, refletir e não sair falando bobagem.

O ponto de partida de uma farta coleção imagética é o quadro de Pedro Américo, "Independência ou Morte! / Grito do Ipiranga", exposto no Museu Paulista / Museu do Ipiranga. Carlos Lima Jr., Lilia Moritz Schwarcz e Lúcia Klück Stumpf analisam a formação complexa da identidade nacional brasileira e a transformação do motivo retratado na referida obra em símbolo do rompimento com a Coroa Portuguesa e como cena verídica.

A conjuntura é analisada desde as tensões do Segundo Reinado, passando pela disputa entre Rio de Janeiro e São Paulo pela Independência, a instrumentalização do fato histórico pela ditadura militar, chegando ao atual (des)governo que tenta sequestrar e imitar D. Pedro I em diversas ocasiões.

O livro mostra os esquecimentos e silenciamentos das narrativas para a chamada Independência. É a "política de sequestros". Cada grupo sequestrando e tornando a tal Independência algo que somente existe em sua imaginação.

O convite a reflexão crítica já inicia com a imagem da capa, com uma releitura crítica do famoso quadro de Pedro Américo, feita pelo artista Daniel Lannes. Em primeiro plano, vemos uma figura em vermelho, o carreiro da obra monumental, com uma lança na mão. A emancipação é um processo coletivo e não individual. É do povo todo e não de uma figura militar, masculina e autoritária.

Um livro que dá voz para todos as personalidades e comunidades invisibilizadas e silenciadas no processo da Independência do Brasil. 

Material riquíssimo e muito atual. Estudos profundos, reais e que nos fazem refletir muito.

Leitura obrigatória!!! Vale muito a leitura!!!