10/05/2019

Uma denúncia em forma de crônica do dia

QueridXs leitorXs,

Preciso dividir algo muito sério com vocês.

Anteontem e ontem, o local onde eu trabalho teve exames, que fazem parte de um programa para cuidar e valorizar os profissionais que lá trabalham. Até aí, tudo bem.

No exame de Glicemia, o meu resultado foi bom: 93 mg/l. No escritório havia uma competição para ver quem estava melhor. Quando fui interpelada, respondi sobre o resultado e recebi o retorno: "Como deu isso se você é gorda?" Ignorei e segui meu trabalho.

Ontem, tivemos a Bioimpedância e o meu resultado foi Obesidade Morbidade. Mas o resultado da maioria não foi excelente. Porém, um detalhe: são magras e organizaram-se para obter resultados melhores.

Até aí, nenhum problema! O problema foi o preconceito evidenciado hoje e a falta de cuidado com a proposta para emagrecimento das pessoas.

Fizeram um bolão, apostando R$ 40,00, e aquele que perder mais peso leva a bolada. Só faltou um detalhe: levar em consideração que qualquer dieta e rotina de exercícios deve ser acompanhada por profissionais. A dieta deve ser prescrita por nutrólogo ou nutricionista. E os exercícios, após avaliação médica, devem ter acompanhamento de um Educador Físico.

Frases como "Pergunta: A outra não vai participar? Resposta: Não. Deixa ela se ela quer continuar gorda desse jeito."; "Aqui não vai entrar gordo.", "Aqui não vai ter mais gorda." foram alguns exemplos de violência psicológica cometida pelos "colegas" de trabalho.

Não sou contra a iniciativa de, juntos, a equipe melhorar a qualidade de vida. Só acho que precisavam me respeitar e pensar que a perda de peso deve ser com saúde. 

A Equipe de Nutrição do Instituto de Cardiologia Dante Pazzanese orienta que, por semana, deve ser perdido entre 500 gr e 1 kg. No mês, a perda de peso não pode ultrapassar 5 kg. E tem que ser feita com acompanhamento de profissionais especializados. Isso é só um exemplo de como ter uma perda de peso sadia.

Não sou gorda porque quero, porque não paro de comer. Tenho essa condição e gostaria de ser respeitada como pessoa. Também tenho uma medicação que favorece o inchaço.

Informei meu chefe imediato, que me disse que eu estava imaginando coisas. Comentei que passei por um processo de isolamento social, por parte dessa "equipe", devido a ter me recusado a fazer uma atividade e por me considerarem "louca", "demente", "ridícula" e "vagabunda". Já contei à vocês que ninguém me queria sentada próxima à "equipe" quando da mudança de prédio. E comentei que eu não aguentaria mais essa violência emocional de ser discriminada por ser Obesa Mórbida e ter ICC.

Como o Departamento Pessoal endossa a ação, penso em registrar o fato por escrito e sugerir que, nesse programa de melhoria da qualidade de vida e valorização dos funcionários, seja incluído um momento com um profissional de Nutrição para uma orientação adequada.

E também pontuei que se a equipe julga-me uma profissional medíocre, deve me respeitar enquanto ser humano. E deveria algo que não precise ser falado. O Art. 5° da CF/1988 versa sobre a proibição de discriminação de qualquer pessoa por seu porte ou compleição física. A legislação trabalhista também fala que não se pode não contratar ou exonerar o funcionário for obeso se o mesmo estiver apto para o trabalho. Mas essa questão deixo para @s amig@s advogad@s. 

Reforço que sou a favor de que se cuidem, sejam saudáveis, mas isso não dá o direito de ser cruel, perversa e preconceituosa. 

Preconceito é crime. Gordofobia também é crime. #Ficaadica


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