09/07/2008

09 de Julho



Hoje, 09 de julho, é um dia no qual nos lembramos da Revolução Constitucionalista de 1932.



A Revolução Constitucionalista só passou a ser feriado estadual em 1997, com a promulgação da Lei 9.947/1997. Isto foi possível porque a Lei federal 9.093/1995, detetrminou, entre outros, que cada estado brasileiro teria uma data magna fixada por lei estadual.
A Revolução Constitucionalista de 1932, Revolução de 32 ou Guerra Paulista, foi o movimento armado ocorrido no Brasil entre Julho e Outubro de 1932, onde o estado de São Paulo visava à derrubada do governo provisório de Getúlio Vargas e à instituição de um regime constitucional após a supressão da Constituição de 1891 pela Revolução de 1930.
Atualmente, o dia 9 de julho que marca o início da Revolução de 1932, é a data cívica mais importante do estado de São Paulo e feriado estadual. Os paulistas consideram a Revolução de 1932 como o maior movimento cívico de sua história.
Foi a primeira grande revolta contra o governo de Getúlio Vargas e o último grande conflito armado corrido no Brasil.
No total, foram 85 dias de combates, (de 9 de julho a 2 de outubro de 1932), com um saldo oficial de 934 mortos, embora estimativas, não oficiais, reportem até 2.200 mortos, sendo que inúmeras cidades do interior do estado de São Paulo sofreram danos devido ao combates.
O estopim da revolta foi a morte de cinco jovens no centro da cidade de São Paulo, assassinados por partidários da ditadura, em 23 de maio de 1932, dando origem a um movimento de oposição que ficou conhecido como MMDC, atualmente denominado oficialmente de MMDCA:
Mário Martins de Almeida (Martins)
Euclides Bueno Miragaia (Miragaia)
Dráusio Marcondes de Sousa (Dráusio)
Antônio Américo Camargo de Andrade (Camargo)

Dados biográficos dos cinco heróis de 32

Mario Martins de Almeida

Nasceu em São Manuel (SP), em 8 de fevereiro de 1901. Era filho do coronel Juliano Martins de Alemida e de Francisca Alves de Almeida. Foi estudante do Mackenzie College, na capital, tendo terminado seu curso sob a direção do professor Alberto Kullmann. Martins era fazendeiro na cidade de Sertãozinho, estando naquele 23 de maio de 1932 de passagem na Capital, em visita aos pais. Seu corpo foi sepultado no Cemitério da Consolação.

Euclydes Bueno Miragaia

Miragaia nasceu em São José dos Campos (SP), em 21 de abril de 1911. Era filho de José Miragaia e Emilia Bueno Miragaia. Aluno da Escola de Comércio Carlos de Carvalho, foi transferido, no terceiro ano, para a Escola de Comércio Álvares Penteado. Quando faleceu, em 23 de maio de 1932, era auxiliar de cartório em São Paulo.

Drausio Marcondes de Souza

Nasceu na Capital, em 22 de setembro de 1917. Era filho do farmacêutico Manuel Octaviano Marcondes de Souza e de Otilia Moreira da Costa Marcondes. No tiroteio de 23 de maio de 1932, foi gravemente ferido, vindo a falecer, com apenas 14 anos de idade, em 28 de maio, tendo sido seu corpo sepultado no jazigo da família no Cemitério da Consolação.

Antonio Américo de Camargo Andrade

Nasceu na Capital em 3 de dezembro de 1901. Era filho de Nabor de Camargo Andrade e de Hermelinda Nogueira de Camargo. Foi casado com Inaiah Teixeira de Camargo, tendo deixado três filhos: Clesio, Yara e Hermelinda. Camargo era comerciário na capital quando morreu vitimado pelos tiros de 23 de maio de 1932.

Orlando de Oliveira Alvarenga

Alvarenga nasceu na cidade mineira de Muzambinho, em 18 de dezembro de 1899. Filho de Ozório Alvarenga e de Maria Oliveira Alvarenga, deixou viúva Annita do Val, com quem tinha um filho de nome Oscar. Ferido em 23 de maio de 1932, foi conduzido ao Hospital Santa Rita, onde faleceu no dia 12 de agosto, tendo sido sepultado no Cemitério São Paulo. Exercia, quando de sua morte, as funções de escrevente juramentado. Em sua memória, o governo do Estado de São Paulo oficializou, pelo Decreto 46.718, editado em 25 de abril de 2002, o Colar Cruz do Alvarenga e dos Heróis Anônimos.

O dia 23 de maio é sagrado em São Paulo como o Dia do soldado constitucionalista.
Em 9 de julho eclodiu o movimento revolucionário, com os paulistas acreditando possuir o apoio de outros Estados, notadamente Minas Gerais, Rio Grande do Sul e do sul de Mato Grosso, para a derrubada de Getúlio Vargas.
Pedro de Toledo, que ganhara forte apoio dos paulistas, foi proclamado governador de São Paulo.
No Estado, contou com um grande contingente de voluntários civis e militares e o apoio de políticos de outros Estados, como Borges de Medeiros, Artur Bernardes e João Neves da Fontoura. No atual Mato Grosso do Sul foi formado um estado independente que se chamou Estado de Maracaju, que apoiou São Paulo.
São Paulo esperava a adesão do interventor do Rio Grande do Sul, o estado mais bem armado, mas este na última hora decidiu enviar tropas não para apoiar São Paulo, mas para combater os paulistas.
O movimento estendeu-se até 2 de outubro de 1932, quando foi derrotado militarmente. Observe-se que, em 9 de julho, Getúlio Vargas já havia estabelecido eleições para uma Assembléia Nacional Constituinte e que já havia nomeado um interventor paulista -as duas grandes exigências de São Paulo. Pedro de Toledo foi proclamado pelo povo como governador, mas a interferência dos tenentes na política paulista continuava forte.
Era especialmente humilhante para São Paulo a nomeação do major Miguel Costa para comandante da Polícia Militar de São Paulo, então chamada de Força Pública, pois Miguel Costa havia sido expulso da Força Pública em 1924 por tentar derrubar o governo paulista na Revolução de 1924.
Isso, porém, não evitou o conflito, já que o que a elite paulista realmente almejava voltar a dominar a política nacional, como fazia anteriormente, reparando a injustiça de Júlio Prestes não ter tomado posse em 1930.
Porém o término da revolução constitucionalista marcou o início do processo de democratização. Em 3 de maio de 1933 foram realizadas eleições para a Assembléia Nacional Constituinte quando a mulher votou pela primeira vez no Brasil em eleições nacionais. Nesta eleição, graças à criação da Justiça Eleitoral, as fraudes deixaram de ser rotina nas eleições brasileiras.
Na versão do governo, a revolução de 1932 não era necessária pois as eleições já tinham data marcada para ocorrer. Segundo os paulistas, não teria havido redemocratização no Brasil, se não fosse o Movimento Constitucionalista de 1932.
O crime mais bárbaro ocorrido durante a Revolução de 1932, ocorreu na cidade de Cunha onde as tropas da ditadura torturaram e mataram o agricultor Paulo Virgínio, que foi obrigado a cavar sua própria sepultura e morreu dizendo: -Morro mas São Paulo Vence!
Paulo Virgínio, junto com os jovens do MMDC, está enterrado no Mausoléu do Ibirapuera.
Getúlio, terminada a revolução de 1932, se reconcilia com São Paulo, e depois de várias negociações políticas, nomeia um civil e paulista para interventor em São Paulo: Armando de Sales Oliveira, participando, mais tarde, em 1938, pessoalmente da inauguração da avenida 9 de julho em São Paulo.
Em meados de setembro, as condições de São Paulo eram precárias. O interior do Estado era invadido paulatinamente pelas tropas de Vargas e a capital paulista era ameaçada de ocupação. A economia de São Paulo, asfixiada pelo bloqueio do porto de Santos, sobrevivia de contribuições em ouro feitas por seus cidadãos e as tropas paulistas desertavam em números cada vez maiores.
Vendo que a derrota e ocupação do Estado era questão de tempo, as tropas da Força Pública Paulista, atual Polícia Militar de São Paulo são as primeiras a se render, no final de setembro. Com o colapso da defesa paulista, a liderança revoltista se rende em 2 de outubro de 1932 na cidade de Cruzeiro para as forças chefiadas por Pedro Aurélio de Góis Monteiro.
Terminado o conflito, a liderança paulista se refugia no exílio, enquanto os paulistas computam oficialmente 634 mortos, embora estimativas extraoficiais falem em mais de mil mortos paulistas. Do lado federal nunca foram liberadas estimativas de mortos e feridos. Foi o maior conflito militar da história brasileira no século XX.
A derrota militar entretanto se transforma em vitória política. Ao ver seu governo em risco, Getúlio Vargas dá início ao processo de reconstitucionalização do país, levando à promulgação em 1934 de uma nova constituição.
Para os paulistas, a Revolução de 1932 transformou-se em símbolo máximo do Estado, a exemplo da Guerra dos Farrapos para os gaúchos. Lembrada por feriado no dia 9 de julho, a revolução é mais fortemente comemorada na cidade de São Paulo do que no interior do estado, onde a destruição e as mortes provocadas pela rebelião são ainda recordadas.
No restante do país, o movimento, assim como a já citada Guerra dos Farrapos, é mais lembrado pela versão imposta pelos vitoriosos, a de uma rebelião conservadora, visando a reconduzir as oligarquias paulistas ao poder e de velado caráter separatista.
No feriado estadual de 9 de julho, anualmente se realizam comemorações e desfiles cívico-militares, sendo que o mais importante desfile se realiza no parque do Ibirapuera em São Paulo.
Neste solenidade são depositados no Mausoléu do Soldado Constitucionalista os restos mortais dos veteranos falecidos no ano corrente.
O Exército Constitucionalista ainda existe e é presidido por veteranos de 1932. A Sociedade dos Veteranos de 1932 preserva a memória e documentos e relíquias de 1932.


Fontes:
1 - Wikipedia, disponível em pt.wikipedia.org
2 - Site da Assembléia Legislativa de São Paulo, disponível em www.al.sp.gov.br

Um comentário:

  1. adorei o seu texto. você acredita, para nossa vergonha como educadoras que muitas colegas não sabiam o motivo do feriado do dia 9 de julho? mas, é verdade,e estão ensinando a crianças, eu pareço ser chata, mas no mínimo isso, a gente tem que saber rsrs.

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