24/12/2007

Fanfic Arquivo X: Um Pequeno Empurrão traz a Esperança

Disclaimer: Não são meus e não estou ganhando nada com essa estória. Pertencem a 20 th Century Fox, a Chris Carter, à 1013.

24 de dezembro
Fox Mulder estava deitado no sofá quando o telefone tocou:
- Alô?
- Fox? Maggie Scully.
- Senhora Scully, como vai?
- Bem, e você?
- Estou preocupado.
- Eu também, querido. Você falou com a Dana?
- Não, eu achei que ela estava aí. Hoje foi a última sessão de quimioterapia dela, não é? Ela não foi trabalhar.
- É, querido. Por isso estou preocupada. Ela nem me ligou, nem apareceu por aqui. Já tentei o celular. Nada. Na casa dela, nada.
- Eu pensei que ela estivesse aí, por isso nem tentei falar com ela.
- Você vai passar a meia-noite com sua mãe?
- Não. Vou ficar por aqui. Minha mãe está com algumas amigas.
- Preciso de sua ajuda, Fox.
- Pode falar.
- Você pode vir até minha casa? Pode vir buscar-me?
- Como, Maggie? E a sua família e amigos?
- Fox, a minha nora cuida de tudo. A Dana precisa de nós. Vou fazer uma pequena mala e pegar os presentes dela. Você pode vir me pegar em uma hora?
- Sim. Eu passo aí em uma hora.
- Estarei te esperando. Tchau.
- Tchau.
Mulder desligou o telefone e foi trocar de roupa. Trocou a calça jeans desbotada e a camiseta branca por uma calça jeans nova, uma camiseta preta colada ao corpo e uma jaqueta de couro. Pegou os presentes que havia comprado, uma pequena mala e saiu em direção da casa da senhora Scully.
Mulder chegou e viu que Maggie já estava na porta. Ela usava um conjunto de saia e blusa azul turquesa, um sapato combinando e um sobretudo preto. Tinha duas sacolas de presentes, uma malinha e uma bolsa.
- Fox, querido, feliz Natal. – ela disse abrindo a porta do passageiro do carro – Fique aí, não saia, vamos sair já. – abriu a porta traseira, colocou as sacolas e a mala no banco de trás.
- Oi, senhora Scully. – Mulder disse assim que ela entrou no carro – Vamos direto ao apartamento de Scully?
- Sim. Ela precisa de nós, meu filho.
- Tudo bem.
Como não havia muito trânsito até Georgetown chegaram em meia hora no prédio de Scully. Mulder parou o carro e ajudou Maggie com as sacolas. Em pouco tempo, já estavam no apartamento. Ajeitaram as coisas na sala e na cozinha. Foram para o quarto. Lá encontraram Dana dormindo, enrolada num edredom. Estava encolhida no meio da cama.
- Dana, minha filha, sou eu. – sussurrou Margareth – Você está bem? Fale com a mamãe. – fez sinal para Mulder aproximar-se. – Fox também está aqui. – Maggie pegou a mão da filha.
- Scully, estamos aqui. Acorde, por favor. Você está bem? – Mulder acariciou a testa dela – Maggie, ela está com febre.
- E as mãos estão geladas, Fox. Ajude-me, preciso dar um banho nela para baixar a febre.
- Tudo bem. O que eu preciso fazer?
- Eu vou ligar o chuveiro e deixar a água bem morna. Preciso que você a acorde e traga-a para mim. Certo, filho? – Maggie disse indo para o banheiro do quarto.
Mulder pegou-a no colo e ela acordou sobressaltada.
- Oi, Scully. Vamos tomar um banho para baixar essa febre?
- Você...
- Não, sua mãe, Scully. Sua mãe vai te dar um banho. – ele sorriu e levou-a para o banheiro.
- Fox, ponha-a no chão e segure-a.
Mulder obedeceu. Colocou Dana em pé e segurou-a pela cintura. Ela, por sua vez, encostou a cabeça no tórax dele.
Maggie olhou-os e sorriu.
- Fox, pode deixá-la comigo.
- Precisa de ajuda?
- Não aqui, mas arrume os presentes e ajeite a mesa da sala para nós três. Pode fazer isso? – Margareth disse abraçando a filha.
- Posso. Se precisar de mim, não hesite em chamar. – disse Mulder fechando a porta e indo para a sala.
Pouco tempo depois, Margareth voltava para a sala. Mulder havia colocado uma toalha natalina na mesa de jantar, arrumado os pratos, os talheres e os copos.
- Nossa, Fox! – exclamou Maggie – A mesa está linda. – sorriu.
- Obrigado. – Mulder retribuiu o sorriso – Coloquei champagne na geladeira.
- Vou preparar nosso jantar. Ah, ajude a Dana a secar o cabelo, por favor.
- Ela está melhor?
- Sim. A febre baixou. É normal ela ter uma febre constante. Ela está fraca. A Dana não comeu nada hoje. Está dormindo desde que ela chegou do hospital. Vá cuidar dela. – Maggie entrou na cozinha enquanto Mulder foi ao quarto de Scully.
- Posso entrar? – Fox bateu na porta do quarto de Dana.
- Pode. – respondeu uma vozinha fraca.
Mulder abriu a porta e colocou a cabeça para dentro do quarto.
- Oi. Você está bem?
- Estou. Entra, Mulder. – Scully falava muito baixo.
- Quer ajuda com seu cabelo? – Fox entrou e caminhou até a cama onde Scully estava sentada – Vou enxugar seu cabelo, posso?
- Sim. A toalha está aqui. – Scully passou uma toalha para ele.
Mulder ajoelhou-se na cama e começou a secar-lhe o cabelo. O silêncio no quarto era reconfortante. Maggie apareceu na porta.
- Filha, aonde guardou a assadeira redonda?
- Está dentro do forno. Eu a deixei lá, pois sabia que teria de esquentar algo para eu comer. – Dana respondeu sorrindo.
- Obrigada, Dana. Você quer um chá?
- Não, mãe. Eu espero o jantar.
- Está bom. – Maggie voltou para a cozinha.
- Mulder, você pode escovar meu cabelo? – Scully perguntou batendo a escova de cabelos na cama.
- Poder, eu posso, mas não sei se vai ficar bom.
- Por favor, estou com preguiça.
- Preguiça, Scully? Mentira, você está fraca. – Mulder desabafou e logo se arrependeu: - Desculpe, Scully. Perdoe-me. – começou a escovar o cabelo dela.
- Tudo bem. Eu te entendo, mas saiba que eu estou bem. Quer ver? Dê-me a escova.
Mulder entregou-lhe a escova. Scully tentou levantar, mas quando ficou em pé, quase caiu. Mulder segurou-a.
- Eu estou bem. Só um pouco tonta.
- Sei, sei. – disse Mulder levantando-se da cama. – Vem. Apóie-se em mim. – levou-a com cuidado para sentar-se na cadeira em frente ao espelho – Sente-se com cuidado.
- Penteie meu cabelo. – Scully sussurrou.
- Penteio. – Mulder pegou a escova da mão dela – Você precisa se alimentar, Scully. Você está fraca. – começou a pentear os belos cabelos ruivos da mulher à sua frente – Eu fiquei preocupado com você, viu? Você sumiu o dia inteiro. Como está? O que o médico falou? Você nem me ligou para dizer. Sei que acha que estou me metendo em sua vida, mas...
- Você faz parte dela, Mulder. – Scully disse olhando-o pelo espelho – Você consegue fazer a risca no meu cabelo?
- Não sei, Scully, não sei.
- Tudo bem. Dê-me a escova.
Mulder entregou a escova a ela e só então percebeu como ela estava arrumada: usava um conjunto de saia e blusa de veludo, azul-marinho, uma meia cor da pele, um sapato social da mesma cor que a roupa. A maquilagem era clara e ele podia ver as unhas bem feitas pintadas com uma cor que se aproximava da prata.
- Estou pronta, Mulder. – Scully acabou de ajeitar o cabelo e guardou a escova – Pode levar-me para a sala? Ainda estou meio tonta.
- Vem. – Mulder ergueu-a no colo – Levo-te até a sala, majestade. –sorriu.
- Eu estou de saia, Mulder. – advertiu Scully.
- Tudo bem. Vamos.
Fox carregou-a até a sala. Colocou-a sentada no sofá e falou:
- Eu já volto. Fique quietinha, heim? – dirigiu-se à cozinha – A senhora precisa de ajuda?
- Não, meu filho. Eu já trouxe o peru, a torta e os doces prontos. Eu só preciso que você cuide da Dana. Ah, não a deixe borrar a maquiagem, heim?
- Tudo bem. Vou ficar com ela.
- Leve esse chá para ela, afinal, ela não come nada desde hoje de manhã. – Maggie deu-lhe uma xícara com o chá fervente – Não deixe que ela chore, por favor. Faça-a tomar o chá.
Mulder voltou para a sala e encontrou uma Scully sorridente olhando os presentes em volta da árvore de Natal. Colocou a xícara na mesa de centro e aproximou-se dela. Pôs delicadamente a mão no ombro de Dana. Ela virou-se e ele pode perceber os olhos cheios d’água da mulher à sua frente.
- Sua mãe pediu para eu não deixar você chorar e borrar sua maquiagem. – Mulder sorriu e Scully retribuiu – Venha comigo. – passou a mão na cintura dela e encaminhou-se para a poltrona mais próxima. Ela se sentou e ele passou-lhe a xícara de chá – Beba devagar.
Eram 9 horas da noite.
Por volta das 11 horas, Maggie começou a trazer os pratos que seriam saboreados na ceia. Nesse meio tempo, Mulder e Scully permaneceram na sala conversando sobre amenidades.
- Vamos jantar, meus queridos? – Margareth perguntou sorrindo.
- Lógico, mãe. Estou faminta. – Dana sorriu.
- Eu te levo. – Mulder ergueu-a novamente.
- Vou ficar mal acostumada, Mulder. – Dana disse acariciando a face de Mulder.
Os três jantaram silenciosamente. O relógio deu meia-noite. É Natal. Margareth foi buscar algo na cozinha. Voltou com uma garrafa de champagne e duas taças.
- Trouxe champagne para nós. Feliz Natal. – Maggie colocou as taças e a garrafa na mesa.
- Feliz Natal para a senhora. – Mulder levantou-se e foi abraçar Margareth.
- Feliz Natal, mamãe. – Dana abraçou a mãe logo após ela se separar de Mulder – Eu vou ficar bem.
Maggie sentiu lágrimas virem aos seus olhos.
- Feliz Natal, minha filha. – disse separando-se de Dana.
- Mulder, vem cá. – Scully esticou os braços e o abraçou com força – Sei que não gosta dessas datas, mas Feliz Natal. Obrigada por tudo. Adoro estar ao seu lado. Não sei por quanto tempo ainda estarei. Obrigada por cuidar de mim.
- Feliz Natal, minha querida. Eu que te agradeço por tudo. – Mulder estreitou o abraço – Você vai ficar bem. Eu vou cuidar de você. Sei que você tem medo. Eu também, mas a minha vida agora está unida à tua.
Os dois começaram a separar-se quando Maggie falou:
- Sei que vocês não são tradicionais, mas estão debaixo do azevinho do batente do corredor... Conhecem a tradição, não é?
- Mamãe! – repreendeu Scully, ainda abraçada a Mulder.
- Por favor! – Maggie falou sorridente – Vocês se amam. Façam a tradição valer. Esse vai ser o meu presente de Natal. Dêem-me este presente. Vamos lá. Sei que vai ser difícil, pois eu estou aqui. Não pensem que eu sou voyeur, mas eu gostaria de vê-los juntos. Pronto, falei. Só um beijo.
- Tudo bem, senhora Scully. Se a Dana aceitar... – Mulder falou. Estava constrangido, mas um selinho não faria mal.
- Eu não acredito, mãe. – Scully estava vermelha.
- Não acredita, mas continua abraçada a ele, não é, minha filha?
- Mãe, a senhora está nos constrangendo. – Dana estava ficando nervosa – Se eu selar meus lábios aos dele, a senhora pára de falar?
Maggie assentiu e o casal uniu os lábios num rápido toque. A senhora Scully ficou decepcionada com o simples beijo, mas logo se alegrou, pois o olhar de Dana estava preso ao de Fox. Ele tinha as mãos na nuca dela, que, por sua vez, tinha mãos nos ombros dele. Os rostos voltaram a aproximar-se e iniciaram um beijo ardente. Margareth sorriu diante da cena e foi para a cozinha da onde trouxe uma torta de nozes coberta com chantilly e fios de ovos, uma torta de cereja, frutas cristalizadas, amêndoas e castanhas.
Demorou para o casal separar-se.
- Fox, abre o champagne para nós? – Maggie disse vendo que eles se desvencilhavam.
- Lógico. – Mulder pegou a garrafa e retirou o lacre.
- Mãe, por quê duas taças? – Dana fez biquinho.
- Você não pode beber, querida. Você sabe disso. Seus remédios... – Maggie explicou serenamente.
- Só um golzinho... – Dana insistiu.
- Só um, minha filha? O ideal seria que você não bebesse.
- Eu sei, mamãe. Mas, ... – Scully interrompida pelo som da rolha sendo retirada pelo saca-rolha.
- Consegui. – Mulder comemorou enchendo as duas taças – Aqui para a senhora. – entregou uma taça para Maggie – E esta é minha. – pegou a outra taça. Abraçou Scully pela cintura e aconchegou-a mais ao seu corpo – Vamos brindar.
- Feliz Natal, Fox! – Maggie brindou com Mulder – Feliz Natal, Dana! – bebeu um gole.
- Feliz Natal! – Mulder também bebeu um gole e olhou para Scully – Você quer um pouquinho?
- Querer, eu quero.
Mulder abaixou a cabeça e beijou-a rapidamente.
- Satisfeita? – Fox sorriu diante da expressão de Dana – Você não vai beber, Scully. Você sabe o que acontece depois, não é?
- E o que acontece depois, Fox? – a senhora Scully questionou.
- Mamãe, eu passei mal depois de tomar um gole de vinho. – Scully falou rapidamente.
- Não foi isso, Scully. – Mulder disse sério – Senhora Scully, a mocinha aqui – apontou para Dana – bebeu meio copo de vinho e ficou mal. Nós saímos do Bureau e fomos jantar. Eu pedi um copo de vinho para mim e ela pediu para beber um pouquinho. Por minha culpa, ela tomou vinho. Quando saímos do restaurante, ela estava tonta, mas insistia em dizer que estava bem. De madrugada, ela me ligou e pediu ajuda.
- Minha cabeça latejava e o meu nariz havia sangrado. – Dana admitiu – Não vou beber. Só quero outro beijo, Mulder.
Fox obedeceu-a, deu-lhe um beijo rápido.
- Vamos comer esses doces maravilhosos? – Maggie sorriu – Preciso pegar pratos de sobremesa. Dana, você pode ajudar-me?
- Posso sim, mamãe. – Scully foi indo para a cozinha quando Mulder puxou-a pelo braço – O que foi?
- Eu ajudo, Scully. – Mulder respondeu – Os pratos estão na prateleira mais alta.
- Não faz mal, Fox. – Maggie pegou-o pela mão e levou-o até o sofá – Sente-se, meu anjo. Eu já a devolvo. Sei de sua preocupação e que precisam conversar.
Mulder obedeceu. Sentou-se no sofá e deixou-as ir para cozinha.
- Mamãe, os pratos estão em cima da pia. – Dana sussurrou ao entrar na cozinha.
- Eu sei, mas precisava falar com você. – Maggie encostou-se a pia ao lado da filha – Eu errei? – não obteve resposta – Vamos, Dana, responda. Você havia contado-me aquelas coisas... do fundo de sua intimidade... sobre suas fantasias.
- Eu sei o que eu disse. Eu queria beijar o meu grande amor e fazer amor loucamente com ele. Não disse que era o Mulder, mas nós nunca enganamos nossas mães, não é?
- É, meu amor, mas você não me respondeu. Eu errei?
- Não, mãe. – Dana abraçou a mãe – Podemos voltar para a sala? Preciso falar com ele. – sussurrou no ouvido de Margareth.
- Querida, preciso falar com ele também. Agora vamos levar os pratos e os talheres para a sobremesa.
Mãe e filha separaram-se e voltaram à sala. Ao chegarem lá, Scully percebeu que Mulder estava relaxado no sofá, olhos fechados e com a cabeça encostada no encosto do móvel.
- Mãe, vou vê-lo. – disse Scully baixinho e foi para perto dele – Mulder, está acordado?
- Sim, Scully. – Fox estava com os olhos molhados.
- Ah, o que foi? – Dana sentou-se no sofá – O que aconteceu? – sussurrou acariciando e secando o rosto dele.
- Scully, - Mulder abriu os olhos – eu estou bem, só cansado.
- Eu sei que está preocupado e quer conversar comigo, mas não me deixe voltar à minha racionalidade. Venha comer a sobremesa conosco. – Scully levantou e estendeu a mão para ele – Vamos?
Mulder aceitou a mão dela e levantou. Foram sentar-se à mesa novamente.
- Mamãe, quero um pouco dessas amêndoas.
- Dana, você e seu regime. – rebateu Maggie – Sei que você adora a minha torta de nozes. Não quer um pedaço, meu amor?
- Para o inferno meu regime. Eu quero um pedaço, mãe. – Dana falou sorrindo.
Maggie cortou um pedaço, pôs no prato junto com as amêndoas e passou-o para a filha. Depois, perguntou:
- E você, Fox?
- Posso servi-lo, mãe? – Dana perguntou levantando-se da cadeira.
- Pode sim. – Maggie sorriu colocando algumas amêndoas e um pedaço da torta de nozes em seu prato.
- Mulder, diga-me uma coisa: quer torta de cereja com amêndoas ou frutas cristalizadas? Eu já sei a resposta, mas... – Dana gargalhou e Maggie sorriu – Mamãe, ele é muito previsível.
- Não sou nada, Scullly, mas pode colocar um pedaço de torta com amêndoas e frutas cristalizadas. – Mulder deu um sorriso enorme para ela.
- Bobo, – Scully sorria também – eu sabia que essa ia ser sua resposta – ela o serviu e voltou a sentar.
Fox e Dana comeram a sobremesa trocando olhares furtivos e brincando um com o outro. Maggie assistia a tudo sorridente.
Era uma da manhã. Os três estavam sentados na sala, comendo amêndoas e nozes, tomando refrigerante, conversando e rindo muito.
- Nossa, Mulder, eu não sabia que você gostava tanto de contar piadas – Scully estava abraçada a ele, sentada no sofá, enquanto Magareth estava na poltrona – Bom, mas estou com sono. Vou deitar-me.
- Espere. Eu te levo, Scully. – Mulder respondeu levantando-se com ela – Preciso saber se vai ficar bem para eu poder ir embora.
- Não. – interveio à senhora Scully – Você dorme aqui. Está tarde para ir para casa. E amanhã você vem conosco. Não aceito um não como resposta.
- Tudo bem. Eu vou colocá-la na cama. – Mulder pegou Scully pela mão – Já venho ajudar à senhora.
- Espere, Mulder, – Scully soltou a mão dele – espere. Vou trocar de roupa e volto para tomar meus remédios. Aí, você pode colocar-me na cama. Ajude minha mãe a arrumar tudo.
Maggie e Fox arrumaram a sala de estar, a sala de jantar e a cozinha enquanto Dana vestia seu pijama de seda azul.
Scully voltou para a sala e encontrou Mulder no começo do corredor.
- Mulder. – ela se assustou.
- Desculpe, Scully. Eu já ia te ver. – Fox acariciou a face dela.
- Sua mão está fria, Mulder.
- E sua febre continua.
- É constante. Você sabe disso, toda vez que eu fazia quimioterapia, eu tinha essa reação. Vou tomar meus remédios. Estão na cozinha, né?
- Eu vou com você. – Mulder deu passagem a ela e sorriu – Você está com o chinelo que eu te dei. – falou olhando o chinelo de banho cor-de-rosa.
- Eu adoro usar esse chinelinho. – Dana pegou na mão de Mulder e foram para a cozinha.
Maggie estava fervendo leite para Dana tomar seus remédios.
- Aí estão vocês. Vou acabar de ferver o leite e vou arrumar a cama de vocês.
- Não precisa, mamãe. Eu já arrumei minha cama e o sofá do meu quarto. O outro, eu arrumo toda as semanas. – explicou Dana sentando-se em uma das cadeiras da cozinha.
Mulder abriu o armário aonde Scully guardava os remédios. Pegou-os e pôs em cima da mesa.
- Dana, você não guarda seus remédios no armário do banheiro? – Margareth estranhou.
- Guardo lá ainda, mamãe, mas somente os remédios para emergências: para enjôo, sangramentos do nariz e dor de cabeça. Aqui fica o resto. O Mulder sabe onde está cada um. – Dana sorriu quando Mulder sentou a seu lado – Obrigada, meu querido.
- De nada. Você não precisa agradecer-me. – Mulder tocou-lhe os cabelos.
- Fox, preciso fazer-te uma pergunta. – Maggie estava receosa – Eu errei em juntar vocês?
- Não, a senhora não errou. Eu amo sua filha, mas nunca avancei o sinal, porque ela é uma pessoa muito centrada, racional. Outra, ela nunca feriria o protocolo do FBI. Hoje, ela feriu, pois tivemos o seu empurrão. Eu estou muito feliz. Entendo por quê ela estava resistindo, mas vou lutar até o fim ao lado da Dana, por ela, por mim, por nós. – Mulder tinha lágrimas correndo por seu rosto. Percebeu que Maggie e Dana também choravam. Sorriu em meio às lágrimas e continuou: - Eu adoro ter vocês duas na minha vida. – enxugou as lágrimas dele e de Scully.
Maggie trouxe o copo de leite para a mesa. Beijou a testa de Fox e disse:
- Você é o genro que pedi a Deus. – Maggie abraçou-o com força. Mulder retribuiu o abraço. Ela continuou: - Meu querido Fox, cuide-se, ouviu? Fique bem e cuide da Dana.
- Tudo bem. Eu prometo para a senhora. – Mulder disse separando-se dela.
Margareth Sentou ao lado deles. Dana enxugou as lágrimas e tomou os remédios.
- Dana, Fox, vocês ficam com o quarto e eu vou tentar descansar no quarto de hóspedes.
- Não, senhora. – Mulder disse – eu fico na sala e a senhora no quarto com a Scully.
- Fox, eu quase não durmo nessas datas. – Maggie sorriu tristemente – E preciso de alguém que fique com a Dana e você é a pessoa mais indicada.
- Obrigado pela confiança. – Mulder sorriu – Vou trocar de roupa.
- Mulder, vai indo que eu já vou.
- Tudo bem, minha linda. Eu te espero.
- Pode deixar que eu a levo para lá. – Maggie garantiu vendo Mulder sair da cozinha – Diga, Dana, como vai ser agora?
- Eu vou dormir no mesmo quarto que ele, acordar com ele me chamando para tomar meus remédios e quando retornar à minha racionalidade, vou sentir-me culpada. – Dana disse irritada – Estou com sono, mãe.
- Vamos, eu te acompanho. – Maggie disse levantando-se junto com a filha e acompanhou-a até o quarto.
Mulder havia saído do banheiro e estava arrumando os travesseiros para
Scully.
- Mulder, vá deitar, meu querido. – Dana aproximou-se dele e guiou-o até o sofá – Deite-se. Eu quero colocar-te na cama. – ele obedeceu em silêncio – Ótimo. – beijou-lhe os lábios e a testa. Cobriu-o.
- Venha, Dana. – Margareth Scully chamou a filha – É a sua vez. – Dana obedeceu sorrindo. Deitou-se e Maggie disse cobrindo-a: – Durma com os anjos. – beijou-lhe a bochecha e dirigiu-se a Mulder: - Fox, durma bem, ouviu? – beijou-lhe a testa e apagou a luz do quarto. Abriu a porta e, antes de sair, desejou-lhes: – Boa Noite.
- Boa noite, mãe. – Dana respondeu sonolenta.
- Boa noite. – Fox disse vendo Maggie sair e fechar a porta. – Scully?
- Hum?
- Está com sono?
- Hum hum.
- Eu estarei aqui. Boa noite.
- Boa noite.
Em pouco tempo, os dois adormeceram.
Amanheceu. Mulder acordou com os primeiros raios da manhã. Olhou para a cama de Scully, não a encontrou. Ouviu um barulho no banheiro. Levantou-se e correu para lá. Encontrou Dana lavando o rosto.
- Você está bem?
- Sim, estou bem.
- Seu nariz sangrou? Está enjoada? Tonta? Dor de cabeça?
- Não. – Scully cambaleou e quase caiu. Segurou-se na pia. – Eu estou bem.
Mulder aproximou-se dela e segurou-a junto a seu corpo.
- Diga a verdade.
- Tenho uma tontura e um enjôo fortíssimo. – Dana não tinha escolha. Ele sabia que algo estava errado.
- Vomitou?
- Não. Tudo está girando. Minha cabeça dói. – Scully desabafou.
- Vem. – Fox ergueu-a delicadamente e levou-a para a cama – Vou buscar um copo de água para você. – disse ajeitando-a entre os travesseiros e as cobertas. Cuidou para que a cabeça dela ficasse mais alta. – Eu já volto.
Mulder saiu do quarto. Percebeu que Maggie dormia. Foi para a cozinha e encheu um copo de água gelada. Pegou um pouco de gelo num pano e voltou para o quarto.
- Estou aqui. Beba. – Mulder sentou na cama, deu a ela o pano com gelo e ajudou-a a beber a água – Está melhor?
- Um pouco. Pegue meus remédios, por favor. – Scully fechou os olhos e colocou o pano na testa.
Mulder obedeceu. Foi até o banheiro e pegou os remédios para ela. Voltou e disse sentando-se ao lado dela.
- Estão aqui, meu amor. – Fox pegou a mão dela, com a palma para cima e colocou três comprimidos lá. Ela continuava de olhos cerrados – Não vire a mão. – advertiu Mulder pegando o copo com água que estava no criado mudo – Ponha o remédio na boca – ela obedeceu – e eu te dou a água. – disse ajudando-a a beber e engolir os remédios.
- Vou descansar um pouco, Mulder. – Dana sussurrou – Fique comigo. Estou com medo de morrer.
- Minha linda, você não vai morrer agora. Um dia, daqui muitos anos, você poderá morrer. Antes, eu não deixarei você sucumbir. – Mulder pegou a mão dela – Você está gelada. Sua pressão deve estar baixa. Vou te esquentar. – começou a esfregar suas mãos nas dela – Dorme um pouquinho.
- Não saia de perto, Mulder. – Dana tirou o gelo da cabeça e virou de lado, largando a mão dele.
- Eu vou ficar aqui, meu amor. – Fox pegou o gelo do pano e pôs no copo. Levou o pano até a pia do banheiro e voltou. Cobriu-a com cuidado. Quando foi fechar as cortinas, viu Maggie na porta. Caminhou até ela e disse: – Bom dia.
- Bom dia, Fox. O que aconteceu? – Maggie havia tomado banho e vestia uma calça azul, uma camisa branca e um casaco vermelho. O sapato era o mesmo da noite anterior.
- Ela passou mal e tentei socorrê-la.
- Meu anjo, está tudo bem. Volte a dormir. Ainda é cedo.
- Eu prometi ficar com ela.
- Tudo bem, Fox. Eu estarei na cozinha. – a senhora Scully deixou-o no quarto.
Uma hora e meia depois, Mulder acordou com um movimento de Scully.
- Oi, Scully. – ele sussurrou vendo ela acordar.
- Oi, meu amor. Bom dia.
- Você está bem?
- Melhor, querido. Vou lavar o rosto e escovar os dentes. Depois, vamos abrir os presentes.
- Eu te ajudo a levantar. – Mulder pulou da cama e ajudou-a a ir ao banheiro – Eu já volto. Vou buscar minha escova de dente.
- Tudo bem. Pega minha escova de cabelos também?
Em pouco tempo, estavam prontos para ir para a sala. Quando lá chegaram, foram recebidos por Margareth, que havia preparado uma linda e farta mesa de café.
- Feliz Natal, meus queridos.
- Obrigada, mamãe. – Dana abraçou-a – Feliz Natal.
- Querida, você está bem?
- Sim, mamãe. – Dana separou-se da mãe.
- Ainda parece uma garotinha na manhã de Natal. Vem de pijamas para abrir os presentes. Fox, Feliz Natal.
- Para a senhora também. – Mulder abraçou Maggie.
- Obrigada, Fox. – disse separando-se.
Scully tinha lágrimas nos olhos. Aproximou-se de Mulder, que a abraçou com força. Acolheu-a em seus braços e ergueu-a um pouco do chão. Deixou-a chorar em seu ombro.
- Dana, vai ficar tudo bem. Não chore, querida. – Fox sussurrou.
- Mulder, eu te devo a minha vida, o meu carinho, tudo. Você sempre foi meu amigo. Eu me apaixonei por você. Eu te amo tanto. Não queria envolver-me com você por medo de perdermos o emprego e, agora, porque eu vou morrer. Vou te deixar. Minha mãe juntou-nos porque ela achou que eu iria ser mais feliz caso eu realizasse o meu maior desejo: beijar você, amar você. – Scully falava no ouvido dele. As lágrimas escorriam por sua face e molhavam o ombro de Mulder – Perdoe-me por não continuar a seu lado.
- Minha linda, eu adoro você. Amo muito, muito mesmo, você. Os médicos vão te curar. Estarei ao seu lado. Feliz Natal. – Mulder disse colocando-a no chão. Beijou-a demoradamente. Ambos estavam emocionados.
- Vamos tomar café? – a senhora Scully perguntou visivelmente emocionada – Queridos, alegrem-se. Hoje é dia de alegria. Venceremos as dificuldades juntos. A fé, o amor e a união serão nossas armas. A medicina será nossa aliada. Eu, como boa mãe, tenho o dever de alimentar o corpo de vocês. Vamos comer, meus amores.
Os três tomaram café da manhã silenciosamente. Cada um com seus pensamentos. Logo depois, foram para perto da árvore de Natal. Sentaram-se no sofá: Maggie ao lado da árvore, Dana no meio e Fox a seu lado.
- Estes são os presentes de seus irmãos, Bill e Charlie, Dana. – Margareth entregou-lhe duas caixas – Tem outros dos amigos da família. Este aqui é meu.
- Obrigada, mãe. – Dana beijou-lhe a bochecha. Abriu o embrulho e retirou de dentro uma linda camisola de algodão, azul, mangas compridas. Era larga e devia ir até seus pés – Eu adorei. Era o que eu precisava, mamãe. Obrigada.
- De nada, querida. Que bom que gostou.
Dana pôs o presente na mesinha de centro, levantou-se e pegou uma caixa quadrada.
- Este é o seu presente. Espero que goste, mamãe. Eu o comprei e... Bem, vai ver. – entregou-lhe a caixa e voltou a sentar no sofá.
- Obrigada, minha filha. – Maggie abriu a caixa e viu um porta-retrato. Retirou-o e viu que era uma foto tirada há mais ou menos quatro anos. Nela estavam ela, Bill Scully, Bill Jr., Charlie, Dana e Melissa. Todos sorriam. Foi tirada na Califórnia durante o período de férias coincidentes da família. – Meu amado marido e meus bebês. Eu amei, minha filhinha.
- É uma lembrança que eu guardei com carinho e muito amor. Quero que fique com a senhora. – Scully sorria.
- Obrigada, Dana. – Margareth abraçou a filha. Quando se separou, falou: – Tenho um presente para você, Fox. – levantou-se e pegou uma caixinha retangular verde e deu a ele.
- Obrigado, senhora Scully.
- Abra, Fox.
Ele obedeceu. Era um relógio novo.
- Obrigado. Agora, é a minha vez. – Mulder colocou o relógio na mesinha de centro, levantou e pegou um pacote colorido – Este é para a senhora.
- Obrigada, querido. – Maggie recebeu o pacote e abriu-o. Era um lindo casaco de lã branco. – Adorei. É lindo.
- Este é para a Scully. – Mulder entregou-lhe uma caixa retangular – Abra.
Ela obedeceu. Era uma corrente de prata com uma água marinha.
- É maravilhosa, Mulder. Vou usá-la hoje ainda. – Dana mostrou para a mãe a corrente. Depois, foi até os presentes e pegou uma sacola – Para você. Espero vê-lo sempre com essa roupa.
Mulder abriu o presente. Era um conjunto de moletom azul.
- Nossa! Já faz tempo que eu não via um moletom tão azul e bonito assim. Obrigado. – Mulder abraçou-a – Obrigado mesmo.
- Não precisa agradecer, Mulder. Eu só vou saber se você gostou se usar o conjunto sempre que possível, ouviu?
- Sim, querida. – Mulder beijou-a apaixonado.
Assim que se separaram, Dana falou:
- Fica para almoçar comigo, por favor.
- Eu fico, Scully, fico sim. – Mulder passou a mão nos cabelos dela.
- Vocês não querem ir comigo para casa? – Maggie perguntou.
- Não, mãe. Vou evitar perguntas e olhares de pena. – Dana explicou – E outra, vou ter ótima companhia.
- Eu sei, Dana. – a mãe disse levantando-se do sofá com um sorriso nos lábios – Vou arrumar a cozinha.
- Não, mãe, não precisa. – Scully disse – Eu arrumo depois de tomar banho.
- Não, eu insisto. Vai tomar seu banho, querida. – aconselhou a mãe.
- É, Scully. Vamos tomar banho. Você na suíte e eu no corredor. Concorda?
- Tudo bem.
Algumas horas depois, o casal passeava pelas ruas frias e desertas de Washington. Estavam esperançosos. Haviam conversado durante o almoço e resolveram esconder o relacionamento.

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