Título: A Trilha do Inexplicável
Autora: Rosa
Maria Lancellotti, em parceria com Copilot.
Disclaimer: Não são meus e não estou ganhando nada com essa
história. Pertencem a 20 th Century Fox, a Chris Carter, a 1013.
Sinopse: Mulder e Scully têm uma filha de 10 anos,
Laura. Tinham uma vida tranquila até que um estranho aparece no quintal. Uma
nova ameaça aparece. Como nossos ex-agentes vão lidar com a situação? E depois
de tudo ter ficado em paz, como será a vida de Laura?
A fanfic está dividida em 2 fases. A primeira versa sobre a ameaça
alienígena e a segunda, sobre a vida de Laura e Jackson.
Nota: Esta é uma outra experiência! Uma fanfic de universo alternativo (até
onde eu entendo que pode ser), escrita com a parceria entre uma Humana e a
Inteligência Artificial, Copilot. Juntos desenvolvemos capítulos e a história a
seguir. Foi um processo criativo interessante! Escrevemos juntos, mas eu
revisei e ajustei o texto. Espero que esta seja uma forma de discutirmos a
presença da Inteligência Artificial nas nossas vidas e o quanto é válido
incluirmos isso em tudo. Espero que gostem e espero o seu feedback.
Máquina e humana entraram em acordo que não levaríamos em contato a
idade de Mulder e Scully no processo. Então, para nós, eles são eternos!
Esta é uma fanfiction, feita apenas para a diversão das pessoas fãs de
Arquivo X e para pessoas curiosas.
Data de início: 09/05/2025
Data de término: 04/06/2025
Classificação etária: 18 anos
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2ª Fase – Novos Começos
10º Capítulo
Na quietude da noite, com o quarto envolto em sombras suaves e o
murmúrio distante das atividades da casa, Scully e Mulder se encontravam
juntos, embalados pelo calor da cumplicidade que só os anos de parceria podem
proporcionar. Estavam desfrutando de uma quietude e de ficarem abraçados,
aguardando o sono chegar. Mas os pensamentos, fizeram Scully quebrar o
silêncio.
- Fox?
- Hum?
- Está acordado?
- Sim, Dana. O que foi, lindinha?
- Compartilho da sua preocupação.
- A Laura me pediu colo. Ela estava trabalhando e eu lendo. Percebi que
ela começou a fazer exercícios de respiração e a beber goles de água, mas não
liguei muito. Achei que era estresse e ela não queria chorar, talvez. Então,
ela desligou o computador e foi sentar no sofá comigo. Olhou para mim e pediu
colo. Disse que não se sentia bem. Eu a embalei e logo ela pegou no sono.
- Estou preocupada também, mas andei pensando. Ao examiná-la, percebi
que… Digamos que estou com uma sensação de que talvez nossa família esteja
prestes a se expandir novamente. – confidenciou Scully.
Mulder se espantou e sentou na cama:
- Você está me dizendo que a Laura... Que a minha menininha pode estar
grávida? Dana?
Scully assentiu e virou-se para Mulder, os olhos refletindo uma mistura
de carinho e incerteza.
- Eu tenho percebido que ela está bem mais cansada e fica sonolenta
durante o dia. Esses dias de home office a abalaram um pouco. Ela não estava
costumada a trabalhar de casa. Também achei que ela estava estressada, porque,
mesmo jovem, ela gosta da proximidade dos colegas e de resolver os problemas e
outros assuntos direto com as pessoas.
- Eu a achei estressada também. Irritada. Até patada no Ryan, ela deu.
- Eles estão se relacionando há uns bons anos. Tomaram cuidado, mas pode
ter acontecido, Mulder.
- Tua intuição te diz que ela está esperando um netinho para nós?
- Sim e a experiência médica também. Confesso que, cada vez que penso em
nossa menina se tornando mãe, muitos sentimentos me invadem. Precisamos estar
prontos para apoiá-la, seja qual for o caminho que ela escolha trilhar.
O casal ficou em silêncio e voltou a se deitar. Ali os dois permaneciam
perdidos em pensamentos, mas não conseguiram dormir. Então, Scully quebrou o
silêncio novamente:
- Lembre-se, Mulder, de como tudo começou. Nós dois optamos por viver
nosso amor de maneira diferente. Nós nunca assinamos os papéis oficiais. Fizemos
uma cerimônia de casamento na praia, sem valor jurídico, mas cheia de
significado. Celebramos diariamente o nosso compromisso um com o outro e com
nossa família. Temos nosso filho que retornou, casado, com uma filhinha linda.
Temos nossa menininha que se tornou uma mulher e, tenho quase certeza, nos dará
mais um netinho ou netinha. Temos um ao outro, envelhecendo lado a lado,
brigando e se amando.
- Scully, nossos filhos vieram ao mundo de formas tão inusitadas. A
Laura é fruto de nosso amor e de nosso compromisso maluco e diário de vivermos
nosso amor sem as convenções imaginadas por nós e nossas família,
Scully assentiu, a voz carregada de orgulho e uma pitada de melancolia:
- Exatamente. Olhamos para trás e percebemos que, apesar de toda a
expectativa do mundo, nosso jeito singular de viver o relacionamento criou uma
base sólida, uma família unida que floresceu no amor e no respeito mútuo.
Sempre acreditamos que o que nos une é a sinceridade dos sentimentos, não o
formato que a sociedade espera.
Mulder, envolvendo delicadamente a mão da esposa, contemplou o futuro:
- O que será que passa na cabeça da Laura?
Scully sorriu, respondendo de forma reconfortante e segura:
- Laura é forte, Mulder. Ela sempre buscou seu próprio jeito de amar. Se
ela optar por seguir com o Ryan e formar uma família com essa configuração mais
livre, nós estaremos aqui, exatamente como estivemos para nós mesmos.
Mulder apertou a mão dela em sinal de cumplicidade e trocaram um
beijinho.
- Vamos tentar ao mesmo descansar?
O casal voltou a se aconchegar e esperar o sono chegar.
XxX
Alguns dias depois, Mulder pegou a estrada rumo a Nova York, ainda nas
primeiras horas do dia, dirigindo com uma determinação tranquila para ajudar
Jackson e Madeleine a preparar o aniversário de Marie. O evento seria especial:
um churrasco no telhado do prédio onde Jackson morava com sua família. Scully,
Laura e Ryan iriam mais tarde.
Porém, naquela tarde, Laura encerrou seu trabalho um pouco mais cedo, porque
não estava se sentindo bem. Foi procurar a mãe. Encontrou Scully sentada no
sofá da sala, concentrada em costurar algumas roupas que precisavam ser consertadas.
O ambiente carregava o calor familiar que sempre acolhia cada membro da
família. Com um misto de ansiedade e leve hesitação, Laura se aproximou de sua
mãe e perguntou:
- Mãe, você acha que podemos viajar amanhã? – perguntou Laura, a voz
carregada de uma urgência que Scully logo percebeu ter algo mais profundo por
trás do pedido – Papai já foi hoje ajudar a montar a festinha de amanhã.
Scully parou o que estava fazendo, os dedos ainda segurando
delicadamente o tecido, e olhou para a filha com atenção:
- O que aconteceu, Laura? Aconteceu algo com o Ryan no trabalho? – inquiriu
Scully, sua voz revelando uma preocupação maternal genuína.
Laura respirou fundo, enquanto seus olhos refletiam tanto cansaço quanto
um temor sutil. Ela se sentou no sofá ao lado da mãe.
- Não, mãe, o Ryan está bem. Ele vai nos levar de carro para Nova York. Mas…
Sou eu, mãe. Eu não estou me sentindo bem. Estou com um mal-estar de novo. E
eu… Sabe, ultimamente, eu evito passar as noites com o Ryan. Não quero deixa-lo
preocupado, mas eu já acordo me sentindo mal. Ele ontem me perguntou se a gente
estava terminando. Eu disse que está tudo, que sou eu quem está com problemas.
Scully aproximou-se, encostando a testa na da filha, em um gesto de
cuidado e compreensão.
- Querida, você precisa contar nossas desconfianças para ele. Acho que
já é hora de fazermos um teste, se você aceitar agora.
Laura suspirou, se permitindo mostrar uma vulnerabilidade que raramente
compartilhava.
- Será, mãe? Eu tenho tido um cansaço inexplicável e dores de cabeça.
Por isso, eu faço o Ryan sair daqui antes de dormirmos ou saio do apartamento
dele após transarmos. Não quero que ele perceba que não estou me sentindo bem
pela manhã.
Scully reconheceu na filha o que fazia com Mulder, quando estava nos
primeiros meses de gravidez de Laura.
- Filha…
- Talvez, seja somente estresse, não é? Talvez essa viagem possa ser um
jeito de mudar o ambiente, de me sentir melhor. Só preciso de um tempo com
vocês, longe da rotina e das preocupações.
- Pode ser, Laura.
- Mas, hoje, eu não estou me sentindo bem para viajar. Podemos ir
amanhã?
Scully balançou a cabeça em aprovação e falou com um tom cauteloso:
- Tudo bem, mas, antes, vou te examinar com calma de novo. Quero ter
certeza de que você não precisa de mais cuidados ou de consultar um médico no
Pronto Socorro. O que você sente pode ser passageiro, mas precisamos prestar
atenção.
- Mãe, me diga que você está errada! – ela choramingou.
- Minha filha, não assim. Por que respira fundo e vai para o quarto?
Liga para o Ryan, ajuste os planos. Enquanto isso, eu vou ligar para seu pai e
ajustar nossos planos. Então, eu vou subir e dar uma olhadinha em você. –
Scully beijou a testa da filha – Vai, minha lindinha. Obedece a sua velha mãe.
Laura, silenciosamente, subiu as escadas e foi para o quarto dela.
Então, pegou o celular e ligou para o namorado.
- Hei, Lau. Como você está, princesa? – Ryan atendeu preocupado.
- Hei, Rye. Estou cansada. Trabalhei muito. Essa história de trabalhar
em casa é pior do que o presencial.
- Ah, meu amor. Que bom que encontrou um momento para uma pausa. Assim
que eu sair daqui do trabalho, passo na tua casa, para pegar você e tua mãe.
Vamos chegar a Nova York em torno da meia noite, mas chegaremos!
- Rye, podemos ajustar para amanhã cedo?
- O que houve?
- Meu pai já está lá ajudando. Mais gente pode atrapalhar.
- Sua mãe está bem?
- Sim.
- Você não me soa bem, Lau. Você está ficando gripada? Está doente? Fala
para mim.
- Estou bem.
- Laura, por favor, eu te conheço. Sei quando não está bem. Você não
confia mais em mim?
- Eu confio minha vida a você. Eu te amo! – ela começou a chorar – Eu
estou estressada.
- Então, descanse, bebezinha. Viajamos amanhã cedo. Mais tarde, falamos?
- Sim. Te amo.
- Também te amo, Laura! Se cuida. – Ryan desligou preocupado.
XxX
Scully ligou para Mulder assim que ouviu a porta do quarto se fechar.
- Mulder, sou eu.
- Não deixou nem eu atender, Scully. O que aconteceu?
- A Laura não está se sentindo bem. Provavelmente, viajaremos amanhã.
Consegue ajudar por aí sozinho?
- Sim. Vovô só cuida da Marie. A pequena ama minhas histórias e fico com
ela, enquanto Jackson e Madeleine estão as voltas com a festa da Marie e com as
brigas deles.
- Então, está de babá e se divertindo?
- Exatamente. E nossa menininha? Já fez o teste?
- Ela não quis. Não insisti mais, porém, hoje acho que a convenço. Ela
está bem cansadinha e com dor de cabeça.
- Eu lido com o Jackson. Pode deixar, lindinha.
- Estou com saudades.
- Também estou. Apesar de a outra ruiva da minha vida está desenhando o
vovô aqui perto de mim.
- Dá um beijinho na Marie por mim. Até amanhã!
- Até! – Mulder desligou.
Então, Scully subiu as escadas e foi ao quarto de Laura. Sentou-se na
cama ao lado da filha e falou com ternura:
- Teremos a mesma conversa de outro dia, Laura. Notei que seu corpo tem
passado por mudanças. Tenho te observado mais atentamente desde aquele dia em
que você pediu colo ao seu pai. Ah, eu me lembro como você, desde pequena,
recorria a teu pai quando não se sentia bem ou estava triste.
- Mãe, eu não sei mais o que fazer ou pensar. O Ryan está preocupado.
- Filha, vamos resolver juntas. Calma!
- Ainda tem a mesma teoria?
- Sim. Hoje, percebi um mal-estar diferente, algo que não parece apenas
um episódio passageiro. Já tem se repetido alguns dias. Pelas manhãs, tenho
percebido que você só fica bem depois de um chá e algum alimento seco e
salgado. Eu conheço esses sinais. – Scully fez a filha encostar a cabeça em seu
ombro. Laura permaneceu em silêncio e a mãe voltou a falar – Eu vou te examinar
de novo. Enquanto isso, você pensa se quer fazer um teste ou não.
- Está bem. – Laura se preparou para ser examinada pela mãe.
Depois de alguns instantes de exame cuidadoso, a voz de Scully soou com
a seriedade de uma médica e o afeto de uma mãe:
- Pelo que pude notar, minha filha, existem indícios de que você pode
estar grávida. Sei que isso pode ser inesperado, mas precisamos confirmar com
responsabilidade. Você terá que ir ao ginecologista para um acompanhamento,
embora eu possa pedir um teste de gravidez na farmácia e tirarmos a dúvida o
mais depressa possível.
Laura, com os olhos ligeiramente marejados, respirou fundo e, com uma
voz trêmula, mas firme, respondeu:
- Mãe, eu e o Ryan sempre nos protegemos. Eu realmente não acredito que
isso seja fruto de alguma irresponsabilidade... Ah, estou confusa!
Scully assentiu compreensivamente, envolvendo a filha num abraço
reconfortante:
- Está tudo bem, querida. O que importa é que iremos seguir passo a
passo juntas. Você já falou para o Ryan da nossa desconfiança?
- Não. Não quero.
Então, Scully envolveu a moça em um abraço apertado e, em silêncio,
transmitiu afeto e carinho. Mas a mãe não pode ficar em silêncio muito tempo.
Ela perguntou:
- Laura, minha querida, qual o real motivo de você não querer contar
para o Ryan?
- Não quero que ele me deixe. – Laura, ainda envolta em pensamentos,
tentava organizar os sentimentos conflitantes, suspirou e respondeu com
sinceridade – Mãe, como eu te falei, não quero que ele perceba nada.
As palavras de Laura pairaram por alguns segundos no ar, e Scully fechou
os olhos, permitindo que a lembrança se acendesse com clareza em sua mente. Ela
se recordou de um tempo não tão distante, quando nos primeiros dias da gestação
de Laura ela mesma havia agido de maneira semelhante com Mulder. Com um gesto
terno, Scully segurou a mão de Laura e comentou com voz serena:
- Laura, nos primeiros dias em que você começava a se desenvolver dentro
de mim, eu também fazia o mesmo com o Mulder. Eu enjoava todas as manhãs.
Quando comecei a perceber, eu não passava mais as noites com ele. E, como
estávamos, retomando nossa vida, depois de uma separação, eu não queria que ele
desconfiasse. E também tinha a questão de idade. Eu me vejo em você e só queria
que as coisas fossem diferentes.
Laura olhou para a mãe, surpresa e confortada ao descobrir que aquela
atitude não era algo isolado. Ela assentiu, enquanto a compreensão se
entranhava em seu semblante:
- Então, você fez isso? Eu achei que fosse diferente... Achei que você
tivesse descoberto no susto ou que você tivesse compartilhado a desconfiança
com meu pai.
Scully sorriu com ternura, apertando a mão da filha com carinho:
- Ah, meu amor. Está tudo bem. Estamos juntas nessa.
Nessa troca de confidências e memórias, o quarto se transformou num
espaço onde passado e presente se encontravam para ensinar algumas lições. Entre
a segurança do abraço materno e as lembranças do próprio Scully, Laura
sentiu-se amparada.
Mais tarde, Laura pegou novamente o celular e ligou para Ryan. Preocupado
com a namorada, Ryan perguntou, com genuína ansiedade:
- Laura, você está melhor agora?
Com a mesma frase que tantas vezes ouvira de sua mãe, a jovem respondeu,
suavemente, porém com uma firmeza silenciosa:
- Eu estou bem.
- Tudo bem. Vamos começar de novo, bebezinha. Estamos ficando velhos. Em
vez de trocarmos mensagens picantes e com conversas bobas, estamos nos ligando,
como antigamente, com seus pais fazem.
- Rye, não estou com humor para brincar.
- Laura, sério, de verdade, se você cansou de mim, é só falar. Você está
sofrendo e eu estou muito mal por te ver assim. O que está acontecendo?
- Estou indisposta. É só isso. Meu corpo está pedindo descanso. Estou
estressada. Por favor, entenda, eu te amo demais e não quero me separar. –
Laura chorou.
- Hei, bebezinha. Fica calma. Quer que eu vá para aí?
- Amanhã. Descanse que você vai dirigir até Nova York sozinho.
- Então, não chora. Amanhã, passo para buscar você e tua mãe. Você
ficará bem?
- Eu estou bem.
A resposta, já ensaiada e reproduzida de forma veemente, deixou Ryan
visivelmente chateado, pois ele esperava ouvir o que realmente estava
acontecendo com Laura. No entanto, compreendendo os limites do momento, ele se
conteve e, em seguida, reafirmou que passaria no dia seguinte pela manhã para
buscá-la, juntamente com Scully, para seguirem rumo a Nova York. Desejaram boa
noite um a outro e alinha ficou muda.
XxX
Scully já estava deitada, envolta na penumbra tranquila do quarto,
quando a porta se abriu silenciosamente e Laura apareceu, o rosto marcado por
uma expressão de desconforto e urgência. Com a voz trêmula, a jovem sussurrou:
- Mãe, estou me sentindo mal. Estou com calafrios, dor de cabeça e
tontura. Eu levantei para me arrumar e fiquei assim. Posso dormir contigo?
Sem hesitar, Scully chamou a filha para dentro do quarto, convidando-a
para o aconchego da cama. Naquele abraço silencioso, carregado de cuidado e recolhimento,
a mãe acolheu a filha, permitindo que ela encontrasse um refúgio momentâneo do
incômodo que a afligia.
- Vamos dormir juntas. A mamãe vai te esquentar. Já vai passar. Só
respirar. Feche os olhos e respire. Qualquer coisa, estou aqui do seu lado.
Horas depois, perto do horário de levantarem, Scully foi abruptamente
despertada por Laura, cuja voz agora transbordava preocupação. Com urgência, a
jovem pediu:
- Mãe, estou enjoada. Vem comigo ao banheiro.
Sem perder tempo, Scully acompanhou Laura até o banheiro. Lá, com
delicadeza e firmeza, posicionou a filha ajoelhada em frente ao vaso sanitário,
instruindo-a a deixar o corpo agir naturalmente. Num instante dramático
misturado ao alívio da liberação, Laura vomitou vigorosamente, enquanto a mãe
observava com olhar atento e compassivo, segurando os cabelos e a cabeça da
moça. Após esse momento tenso, Scully segurou um teste de gravidez na mão e,
com a voz serena, ofereceu-o a Laura:
- Agora sim. Não é mais uma escolha. Laura, faça o teste.
Laura assentiu e ficou sozinha no banheiro até completar o teste. Em
poucos minutos, o resultado se revelou: positivo. Num instante que transbordou
emoção, mãe e filha se abraçaram, lágrimas de felicidade misturando-se ao sentimento
de um novo começo.
- Mãe, você estava certa o tempo todo.
Entre as lágrimas, Scully, com um brilho de humor e ternura nos olhos,
brincou:
- Bem-vinda às maravilhas do enjoo matinal do primeiro trimestre. Seu
primeiro enjoo bem executado! Parabéns, Laura!
- Ah, mãe… – Laura passou a mão na cabeça e pressionou o estômago de
leve – Acho que vou passar mal de novo.
Naquele instante, o lar se encheu de uma doce expectativa e do calor de
um amor inabalável, pois, apesar dos momentos de mal-estar, a chegada de uma
nova vida era celebrada como um milagre, um recomeço que tornaria a família
ainda mais rica e completa.
Algum tempo depois, mãe e filha estavam na cozinha, onde o aroma de um
chá de ervas recém-preparado e o estalido suave das torradas transformavam
aquele momento em um pequeno oásis de conforto. O ambiente acolhedor parecia a
promessa de que, mesmo com os desconfortos de mais cedo, o carinho e o cuidado
sempre fariam a diferença.
Enquanto sorviam o chá, Scully, com um sorriso carregado de memórias, recomeçou
a compartilhar as confidências do passado. Com voz mansa e toque de humor, ela
revelou:
- Laura, era por isso, que eu expulsava o Mulder de minha cama ou de
minha casa antes de dormir. Quando eu estava no começo da tua gravidez, eu
ficava enjoada todas as manhãs. Às vezes, passava mal de madrugada. Depois, eu
não queria que ele visse aquela parte frágil de mim, sabe? Afinal, éramos pais
mais velhos, fora do padrão tradicional. Eu preferia guardar minhas angústias e
meus enjoos para mim mesma.
- Vocês não esperavam ter mais nenhum filho?
- Não. Depois do Jackson, não.
- Mamãe, eu também simplesmente aconteci?
Scully riu emocionada:
- Você foi o nosso presente. Contei que estava grávida de você numa
situação tensa. O Jackson tinha sido dado como morto, uma confusão. Estávamos
muito tensos, tristes, mas você já estava no meu ventre e reencontramos nosso
caminho. Estávamos morando em casas separadas. Ainda ficamos uns meses assim.
Depois, eu aceitei voltar para cá. Mulder e eu reconstruímos nosso lar e nossa
vida em torno da barriga que acolhi e protegia você.
- Mãe, vocês estão preocupados que eu segui o exemplo de vocês?
- Sim. Comentei minhas desconfianças com o seu pai. Perdão, filha, mas…
- Vocês são um só, mãe. Não se preocupe.
- Mas eu sei, Laura, que o Ryan e você são um casal moderno. Farão o
melhor para essa criança. Vocês já tinham falado em filhos? Pensaram ao menos?
Com uma voz trêmula, mas sincera, Laura confidenciou que ela e Ryan já
haviam conversado sobre a possibilidade de ter filhos. No entanto, ela revelou
que o medo do novo e da responsabilidade a fazia hesitar.
- O Ryan e eu falamos sobre ter filhos algum dia, mas eu ainda estou com
um certo receio. Sinto medo de enfrentar tudo isso.
- E está tudo bem, filha.
- Ah… De um jeito meio bobo, ele me contou uma fantasia. Ryan me disse
que se eu engravidasse, teria que anunciar a notícia e, logo em seguida, ficar
com enjoo. Quase como um sinal automático, sabe?
- Com nesta manhã? – Scully soltou uma risada suave, fazendo a leve alusão
à situação com humor – Ah, querida, isso é bobagem, mas bonitinho! Só acho que,
como você já está com mais sinais da gravidez, – ela deu um sorriso maroto e
continuou – talvez o rapaz acabe vendo o desejo dele atendido.
Entre goles de chá e risadas contidas, mãe e filha continuaram a
conversa. Scully explicou que cada gravidez tem seu próprio ritmo e que o
importante era sempre ouvir o corpo e tratar os sinais de mal-estar com a
devida atenção. Reafirmou o compromisso de estar sempre ao lado de Laura,
pronta para acompanhá-la em cada nova etapa. E assim, entre confidências e
sorrisos, Laura sentiu-se mais acolhida e preparada para enfrentar os desafios
do novo ciclo que se anunciava, com a certeza de que, independentemente dos
medos, ela sempre teria o apoio e o amor incondicional da mãe.
Pouco depois, Scully e Laura estavam prontas para a viagem. Era uma clara
e serena, e Ryan chegou para buscá-las. Durante a viagem, o clima ficou leve e,
para surpresa de Laura, o trajeto não perturbou seu estômago. Ela sentia uma
felicidade delicada.
Enquanto Scully estava no banco traseiro, o jovem casal na frente
conversava sobre inúmeros assuntos. Nunca concluindo um! De vez em quando,
trocavam uns carinhos e beijinhos. A mãe sorriu. Sua filha estava feliz e caminhando
para uma nova etapa da vida.
Ao chegarem à casa do irmão, Laura pediu para conversar com Madeleine,
sua cunhada. No início, a conversa fluiu entre comentários aleatórios e
trivialidades, mas, logo, o assunto se voltou para a possibilidade de uma gravidez.
Madeleine, com um olhar compreensivo, abraçou a cunhada com ternura e se dispôs
a acompanhá-la ao médico, caso ela quisesse companhia. Laura, por sua vez,
confessou que o teste havia dado positivo naquela manhã e ela já tinha o
sentimento de que algo novo se anunciava já pulsava.
- Laurinha, se precisar, estarei aqui para você! Cunhadinha, estou feliz
por você e pelo Ryan.
- Ele ainda não sabe. Vou contar para papai.
- Então, vai. Enquanto isso, vou subindo alguns enfeites para o terraço.
Laura viu a cunhada sair do apartamento, carregando alguns adereços.
Então, com o coração inquieto e a coragem renovada, a jovem procurou o pai para
uma conversa séria. Sentados no aconchego de um dos recantos tranquilos da
sala, ela perguntou:
- Papai, sabia que a mamãe está certa?
- Sua mãe, 95% das vezes está certa, 4% você e 1% eu. – Mulder riu –
Precisa de colinho?
- Das suas mãos, papai. – Laura pegou nas mãos do pai entre as dela e timidamente
continuou – O mal-estar que eu venha sentindo durante todos esses dias é sinal
de gravidez. Hoje, senti enjoo e fiz o teste. Deu positivo, pai! Estou grávida!
– ela contou sorrindo com lágrimas nos olhos.
Mulder riu com uma mistura de nostalgia e ternura. Abraçando a filha com
emoção, ele disse, entre suaves risos:
- Minha menininha será mamãe em breve! – ele beijou as mãos da filha.
- Ah, pai… Sou uma mulher agora.
- Eu sei. – curioso e preocupado, Mulder perguntou – O futuro papai já
sabe?
- Não, pai. Não contei para ele. Nem tenho ficado com ele até a hora de acordar.
- Você é igualzinha sua mãe. Ela já deve ter te contado como ela fazia
comigo quando estava te esperando. – ele fez uma cara engraçada.
- Contou, pai. – Laura riu.
- Quando vai contar para o Ryan?
Laura, com o olhar sério, contou:
- Pretendo contar amanhã. Vamos dormir na suíte de hóspedes e ele deve
saber… Ah, acho que a fantasia dele vai se realizar?
- Laura! – Mulder fingiu estar em pânico.
- Bobo! – ela riu e olhou o pai carinhosa – Quando Ryan e eu falamos
sobre filhos, ele me contou que quando eu revelasse a gravidez, teria que
anunciar a notícia e, logo em seguida, ficar com enjoo. Mamãe disse que agora
ele pode ter sorte.
Mulder sorriu, emocionado e orgulhoso, e parabenizou a filha:
- Seu namorado tem uma ideia romanticazinha, hein? Parabéns, menininha
do papai! Posso? – Mulder apontou com a cabeça para o ventre da moça.
- Sim, pai. – ela estava chorando lágrimas de alegria.
Com um gesto afetuoso, acariciou levemente o ventre que começava a se
manifestar. Naquele instante, entre risos, abraços e a delicada esperança de um
novo futuro, pai e filha se uniram para enfrentar juntos os mistérios e as
maravilhas que a vida reservava, prontos para transformar dúvidas em alegrias e
os pequenos sinais do corpo em trilhas para uma nova jornada familiar.
Continua…
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