18/06/2025

Fanfic "Arquivo X": Trilha do Inexplicável - 2ª Fase - Capítulo 10

 

Título: A Trilha do Inexplicável

Autora: Rosa Maria Lancellotti, em parceria com Copilot.

Disclaimer: Não são meus e não estou ganhando nada com essa história. Pertencem a 20 th Century Fox, a Chris Carter, a 1013.

Sinopse: Mulder e Scully têm uma filha de 10 anos, Laura. Tinham uma vida tranquila até que um estranho aparece no quintal. Uma nova ameaça aparece. Como nossos ex-agentes vão lidar com a situação? E depois de tudo ter ficado em paz, como será a vida de Laura?

A fanfic está dividida em 2 fases. A primeira versa sobre a ameaça alienígena e a segunda, sobre a vida de Laura e Jackson.

Nota: Esta é uma outra experiência! Uma fanfic de universo alternativo (até onde eu entendo que pode ser), escrita com a parceria entre uma Humana e a Inteligência Artificial, Copilot. Juntos desenvolvemos capítulos e a história a seguir. Foi um processo criativo interessante! Escrevemos juntos, mas eu revisei e ajustei o texto. Espero que esta seja uma forma de discutirmos a presença da Inteligência Artificial nas nossas vidas e o quanto é válido incluirmos isso em tudo. Espero que gostem e espero o seu feedback.

Máquina e humana entraram em acordo que não levaríamos em contato a idade de Mulder e Scully no processo. Então, para nós, eles são eternos!

Esta é uma fanfiction, feita apenas para a diversão das pessoas fãs de Arquivo X e para pessoas curiosas.

Data de início: 09/05/2025

Data de término: 04/06/2025

Classificação etária: 18 anos

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2ª Fase – Novos Começos

 

10º Capítulo

 

Na quietude da noite, com o quarto envolto em sombras suaves e o murmúrio distante das atividades da casa, Scully e Mulder se encontravam juntos, embalados pelo calor da cumplicidade que só os anos de parceria podem proporcionar. Estavam desfrutando de uma quietude e de ficarem abraçados, aguardando o sono chegar. Mas os pensamentos, fizeram Scully quebrar o silêncio.

- Fox?

- Hum?

- Está acordado?

- Sim, Dana. O que foi, lindinha?

- Compartilho da sua preocupação.

- A Laura me pediu colo. Ela estava trabalhando e eu lendo. Percebi que ela começou a fazer exercícios de respiração e a beber goles de água, mas não liguei muito. Achei que era estresse e ela não queria chorar, talvez. Então, ela desligou o computador e foi sentar no sofá comigo. Olhou para mim e pediu colo. Disse que não se sentia bem. Eu a embalei e logo ela pegou no sono.

- Estou preocupada também, mas andei pensando. Ao examiná-la, percebi que… Digamos que estou com uma sensação de que talvez nossa família esteja prestes a se expandir novamente. – confidenciou Scully.

Mulder se espantou e sentou na cama:

- Você está me dizendo que a Laura... Que a minha menininha pode estar grávida? Dana?

Scully assentiu e virou-se para Mulder, os olhos refletindo uma mistura de carinho e incerteza.

- Eu tenho percebido que ela está bem mais cansada e fica sonolenta durante o dia. Esses dias de home office a abalaram um pouco. Ela não estava costumada a trabalhar de casa. Também achei que ela estava estressada, porque, mesmo jovem, ela gosta da proximidade dos colegas e de resolver os problemas e outros assuntos direto com as pessoas.

- Eu a achei estressada também. Irritada. Até patada no Ryan, ela deu.

- Eles estão se relacionando há uns bons anos. Tomaram cuidado, mas pode ter acontecido, Mulder.

- Tua intuição te diz que ela está esperando um netinho para nós?

- Sim e a experiência médica também. Confesso que, cada vez que penso em nossa menina se tornando mãe, muitos sentimentos me invadem. Precisamos estar prontos para apoiá-la, seja qual for o caminho que ela escolha trilhar.

O casal ficou em silêncio e voltou a se deitar. Ali os dois permaneciam perdidos em pensamentos, mas não conseguiram dormir. Então, Scully quebrou o silêncio novamente:

- Lembre-se, Mulder, de como tudo começou. Nós dois optamos por viver nosso amor de maneira diferente. Nós nunca assinamos os papéis oficiais. Fizemos uma cerimônia de casamento na praia, sem valor jurídico, mas cheia de significado. Celebramos diariamente o nosso compromisso um com o outro e com nossa família. Temos nosso filho que retornou, casado, com uma filhinha linda. Temos nossa menininha que se tornou uma mulher e, tenho quase certeza, nos dará mais um netinho ou netinha. Temos um ao outro, envelhecendo lado a lado, brigando e se amando.

- Scully, nossos filhos vieram ao mundo de formas tão inusitadas. A Laura é fruto de nosso amor e de nosso compromisso maluco e diário de vivermos nosso amor sem as convenções imaginadas por nós e nossas família,

Scully assentiu, a voz carregada de orgulho e uma pitada de melancolia:

- Exatamente. Olhamos para trás e percebemos que, apesar de toda a expectativa do mundo, nosso jeito singular de viver o relacionamento criou uma base sólida, uma família unida que floresceu no amor e no respeito mútuo. Sempre acreditamos que o que nos une é a sinceridade dos sentimentos, não o formato que a sociedade espera.

Mulder, envolvendo delicadamente a mão da esposa, contemplou o futuro:

- O que será que passa na cabeça da Laura?

Scully sorriu, respondendo de forma reconfortante e segura:

- Laura é forte, Mulder. Ela sempre buscou seu próprio jeito de amar. Se ela optar por seguir com o Ryan e formar uma família com essa configuração mais livre, nós estaremos aqui, exatamente como estivemos para nós mesmos.

Mulder apertou a mão dela em sinal de cumplicidade e trocaram um beijinho.

- Vamos tentar ao mesmo descansar?

O casal voltou a se aconchegar e esperar o sono chegar.

XxX

Alguns dias depois, Mulder pegou a estrada rumo a Nova York, ainda nas primeiras horas do dia, dirigindo com uma determinação tranquila para ajudar Jackson e Madeleine a preparar o aniversário de Marie. O evento seria especial: um churrasco no telhado do prédio onde Jackson morava com sua família. Scully, Laura e Ryan iriam mais tarde.

Porém, naquela tarde, Laura encerrou seu trabalho um pouco mais cedo, porque não estava se sentindo bem. Foi procurar a mãe. Encontrou Scully sentada no sofá da sala, concentrada em costurar algumas roupas que precisavam ser consertadas. O ambiente carregava o calor familiar que sempre acolhia cada membro da família. Com um misto de ansiedade e leve hesitação, Laura se aproximou de sua mãe e perguntou:

- Mãe, você acha que podemos viajar amanhã? – perguntou Laura, a voz carregada de uma urgência que Scully logo percebeu ter algo mais profundo por trás do pedido – Papai já foi hoje ajudar a montar a festinha de amanhã.

Scully parou o que estava fazendo, os dedos ainda segurando delicadamente o tecido, e olhou para a filha com atenção:

- O que aconteceu, Laura? Aconteceu algo com o Ryan no trabalho? – inquiriu Scully, sua voz revelando uma preocupação maternal genuína.

Laura respirou fundo, enquanto seus olhos refletiam tanto cansaço quanto um temor sutil. Ela se sentou no sofá ao lado da mãe.

- Não, mãe, o Ryan está bem. Ele vai nos levar de carro para Nova York. Mas… Sou eu, mãe. Eu não estou me sentindo bem. Estou com um mal-estar de novo. E eu… Sabe, ultimamente, eu evito passar as noites com o Ryan. Não quero deixa-lo preocupado, mas eu já acordo me sentindo mal. Ele ontem me perguntou se a gente estava terminando. Eu disse que está tudo, que sou eu quem está com problemas.

Scully aproximou-se, encostando a testa na da filha, em um gesto de cuidado e compreensão.

- Querida, você precisa contar nossas desconfianças para ele. Acho que já é hora de fazermos um teste, se você aceitar agora.

Laura suspirou, se permitindo mostrar uma vulnerabilidade que raramente compartilhava.

- Será, mãe? Eu tenho tido um cansaço inexplicável e dores de cabeça. Por isso, eu faço o Ryan sair daqui antes de dormirmos ou saio do apartamento dele após transarmos. Não quero que ele perceba que não estou me sentindo bem pela manhã.

Scully reconheceu na filha o que fazia com Mulder, quando estava nos primeiros meses de gravidez de Laura.

- Filha…

- Talvez, seja somente estresse, não é? Talvez essa viagem possa ser um jeito de mudar o ambiente, de me sentir melhor. Só preciso de um tempo com vocês, longe da rotina e das preocupações.

- Pode ser, Laura.

- Mas, hoje, eu não estou me sentindo bem para viajar. Podemos ir amanhã?

Scully balançou a cabeça em aprovação e falou com um tom cauteloso:

- Tudo bem, mas, antes, vou te examinar com calma de novo. Quero ter certeza de que você não precisa de mais cuidados ou de consultar um médico no Pronto Socorro. O que você sente pode ser passageiro, mas precisamos prestar atenção.

- Mãe, me diga que você está errada! – ela choramingou.

- Minha filha, não assim. Por que respira fundo e vai para o quarto? Liga para o Ryan, ajuste os planos. Enquanto isso, eu vou ligar para seu pai e ajustar nossos planos. Então, eu vou subir e dar uma olhadinha em você. – Scully beijou a testa da filha – Vai, minha lindinha. Obedece a sua velha mãe.

Laura, silenciosamente, subiu as escadas e foi para o quarto dela. Então, pegou o celular e ligou para o namorado.

- Hei, Lau. Como você está, princesa? – Ryan atendeu preocupado.

- Hei, Rye. Estou cansada. Trabalhei muito. Essa história de trabalhar em casa é pior do que o presencial.

- Ah, meu amor. Que bom que encontrou um momento para uma pausa. Assim que eu sair daqui do trabalho, passo na tua casa, para pegar você e tua mãe. Vamos chegar a Nova York em torno da meia noite, mas chegaremos!

- Rye, podemos ajustar para amanhã cedo?

- O que houve?

- Meu pai já está lá ajudando. Mais gente pode atrapalhar.

- Sua mãe está bem?

- Sim.

- Você não me soa bem, Lau. Você está ficando gripada? Está doente? Fala para mim.

- Estou bem.

- Laura, por favor, eu te conheço. Sei quando não está bem. Você não confia mais em mim?

- Eu confio minha vida a você. Eu te amo! – ela começou a chorar – Eu estou estressada.

- Então, descanse, bebezinha. Viajamos amanhã cedo. Mais tarde, falamos?

- Sim. Te amo.

- Também te amo, Laura! Se cuida. – Ryan desligou preocupado.

XxX

Scully ligou para Mulder assim que ouviu a porta do quarto se fechar.

- Mulder, sou eu.

- Não deixou nem eu atender, Scully. O que aconteceu?

- A Laura não está se sentindo bem. Provavelmente, viajaremos amanhã. Consegue ajudar por aí sozinho?

- Sim. Vovô só cuida da Marie. A pequena ama minhas histórias e fico com ela, enquanto Jackson e Madeleine estão as voltas com a festa da Marie e com as brigas deles.

- Então, está de babá e se divertindo?

- Exatamente. E nossa menininha? Já fez o teste?

- Ela não quis. Não insisti mais, porém, hoje acho que a convenço. Ela está bem cansadinha e com dor de cabeça.

- Eu lido com o Jackson. Pode deixar, lindinha.

- Estou com saudades.

- Também estou. Apesar de a outra ruiva da minha vida está desenhando o vovô aqui perto de mim.

- Dá um beijinho na Marie por mim. Até amanhã!

- Até! – Mulder desligou.

Então, Scully subiu as escadas e foi ao quarto de Laura. Sentou-se na cama ao lado da filha e falou com ternura:

- Teremos a mesma conversa de outro dia, Laura. Notei que seu corpo tem passado por mudanças. Tenho te observado mais atentamente desde aquele dia em que você pediu colo ao seu pai. Ah, eu me lembro como você, desde pequena, recorria a teu pai quando não se sentia bem ou estava triste.

- Mãe, eu não sei mais o que fazer ou pensar. O Ryan está preocupado.

- Filha, vamos resolver juntas. Calma!

- Ainda tem a mesma teoria?

- Sim. Hoje, percebi um mal-estar diferente, algo que não parece apenas um episódio passageiro. Já tem se repetido alguns dias. Pelas manhãs, tenho percebido que você só fica bem depois de um chá e algum alimento seco e salgado. Eu conheço esses sinais. – Scully fez a filha encostar a cabeça em seu ombro. Laura permaneceu em silêncio e a mãe voltou a falar – Eu vou te examinar de novo. Enquanto isso, você pensa se quer fazer um teste ou não.

- Está bem. – Laura se preparou para ser examinada pela mãe.

Depois de alguns instantes de exame cuidadoso, a voz de Scully soou com a seriedade de uma médica e o afeto de uma mãe:

- Pelo que pude notar, minha filha, existem indícios de que você pode estar grávida. Sei que isso pode ser inesperado, mas precisamos confirmar com responsabilidade. Você terá que ir ao ginecologista para um acompanhamento, embora eu possa pedir um teste de gravidez na farmácia e tirarmos a dúvida o mais depressa possível.

Laura, com os olhos ligeiramente marejados, respirou fundo e, com uma voz trêmula, mas firme, respondeu:

- Mãe, eu e o Ryan sempre nos protegemos. Eu realmente não acredito que isso seja fruto de alguma irresponsabilidade... Ah, estou confusa!

Scully assentiu compreensivamente, envolvendo a filha num abraço reconfortante:

- Está tudo bem, querida. O que importa é que iremos seguir passo a passo juntas. Você já falou para o Ryan da nossa desconfiança?

- Não. Não quero.

Então, Scully envolveu a moça em um abraço apertado e, em silêncio, transmitiu afeto e carinho. Mas a mãe não pode ficar em silêncio muito tempo. Ela perguntou:

- Laura, minha querida, qual o real motivo de você não querer contar para o Ryan?

- Não quero que ele me deixe. – Laura, ainda envolta em pensamentos, tentava organizar os sentimentos conflitantes, suspirou e respondeu com sinceridade – Mãe, como eu te falei, não quero que ele perceba nada.

As palavras de Laura pairaram por alguns segundos no ar, e Scully fechou os olhos, permitindo que a lembrança se acendesse com clareza em sua mente. Ela se recordou de um tempo não tão distante, quando nos primeiros dias da gestação de Laura ela mesma havia agido de maneira semelhante com Mulder. Com um gesto terno, Scully segurou a mão de Laura e comentou com voz serena:

- Laura, nos primeiros dias em que você começava a se desenvolver dentro de mim, eu também fazia o mesmo com o Mulder. Eu enjoava todas as manhãs. Quando comecei a perceber, eu não passava mais as noites com ele. E, como estávamos, retomando nossa vida, depois de uma separação, eu não queria que ele desconfiasse. E também tinha a questão de idade. Eu me vejo em você e só queria que as coisas fossem diferentes.

Laura olhou para a mãe, surpresa e confortada ao descobrir que aquela atitude não era algo isolado. Ela assentiu, enquanto a compreensão se entranhava em seu semblante:

- Então, você fez isso? Eu achei que fosse diferente... Achei que você tivesse descoberto no susto ou que você tivesse compartilhado a desconfiança com meu pai.

Scully sorriu com ternura, apertando a mão da filha com carinho:

- Ah, meu amor. Está tudo bem. Estamos juntas nessa.

Nessa troca de confidências e memórias, o quarto se transformou num espaço onde passado e presente se encontravam para ensinar algumas lições. Entre a segurança do abraço materno e as lembranças do próprio Scully, Laura sentiu-se amparada.

Mais tarde, Laura pegou novamente o celular e ligou para Ryan. Preocupado com a namorada, Ryan perguntou, com genuína ansiedade:

- Laura, você está melhor agora?

Com a mesma frase que tantas vezes ouvira de sua mãe, a jovem respondeu, suavemente, porém com uma firmeza silenciosa:

- Eu estou bem.

- Tudo bem. Vamos começar de novo, bebezinha. Estamos ficando velhos. Em vez de trocarmos mensagens picantes e com conversas bobas, estamos nos ligando, como antigamente, com seus pais fazem.

- Rye, não estou com humor para brincar.

- Laura, sério, de verdade, se você cansou de mim, é só falar. Você está sofrendo e eu estou muito mal por te ver assim. O que está acontecendo?

- Estou indisposta. É só isso. Meu corpo está pedindo descanso. Estou estressada. Por favor, entenda, eu te amo demais e não quero me separar. – Laura chorou.

- Hei, bebezinha. Fica calma. Quer que eu vá para aí?

- Amanhã. Descanse que você vai dirigir até Nova York sozinho.

- Então, não chora. Amanhã, passo para buscar você e tua mãe. Você ficará bem?

- Eu estou bem.

A resposta, já ensaiada e reproduzida de forma veemente, deixou Ryan visivelmente chateado, pois ele esperava ouvir o que realmente estava acontecendo com Laura. No entanto, compreendendo os limites do momento, ele se conteve e, em seguida, reafirmou que passaria no dia seguinte pela manhã para buscá-la, juntamente com Scully, para seguirem rumo a Nova York. Desejaram boa noite um a outro e alinha ficou muda.

XxX

Scully já estava deitada, envolta na penumbra tranquila do quarto, quando a porta se abriu silenciosamente e Laura apareceu, o rosto marcado por uma expressão de desconforto e urgência. Com a voz trêmula, a jovem sussurrou:

- Mãe, estou me sentindo mal. Estou com calafrios, dor de cabeça e tontura. Eu levantei para me arrumar e fiquei assim. Posso dormir contigo?

Sem hesitar, Scully chamou a filha para dentro do quarto, convidando-a para o aconchego da cama. Naquele abraço silencioso, carregado de cuidado e recolhimento, a mãe acolheu a filha, permitindo que ela encontrasse um refúgio momentâneo do incômodo que a afligia.

- Vamos dormir juntas. A mamãe vai te esquentar. Já vai passar. Só respirar. Feche os olhos e respire. Qualquer coisa, estou aqui do seu lado.

Horas depois, perto do horário de levantarem, Scully foi abruptamente despertada por Laura, cuja voz agora transbordava preocupação. Com urgência, a jovem pediu:

- Mãe, estou enjoada. Vem comigo ao banheiro.

Sem perder tempo, Scully acompanhou Laura até o banheiro. Lá, com delicadeza e firmeza, posicionou a filha ajoelhada em frente ao vaso sanitário, instruindo-a a deixar o corpo agir naturalmente. Num instante dramático misturado ao alívio da liberação, Laura vomitou vigorosamente, enquanto a mãe observava com olhar atento e compassivo, segurando os cabelos e a cabeça da moça. Após esse momento tenso, Scully segurou um teste de gravidez na mão e, com a voz serena, ofereceu-o a Laura:

- Agora sim. Não é mais uma escolha. Laura, faça o teste.

Laura assentiu e ficou sozinha no banheiro até completar o teste. Em poucos minutos, o resultado se revelou: positivo. Num instante que transbordou emoção, mãe e filha se abraçaram, lágrimas de felicidade misturando-se ao sentimento de um novo começo.

- Mãe, você estava certa o tempo todo.

Entre as lágrimas, Scully, com um brilho de humor e ternura nos olhos, brincou:

- Bem-vinda às maravilhas do enjoo matinal do primeiro trimestre. Seu primeiro enjoo bem executado! Parabéns, Laura!

- Ah, mãe… – Laura passou a mão na cabeça e pressionou o estômago de leve – Acho que vou passar mal de novo.

Naquele instante, o lar se encheu de uma doce expectativa e do calor de um amor inabalável, pois, apesar dos momentos de mal-estar, a chegada de uma nova vida era celebrada como um milagre, um recomeço que tornaria a família ainda mais rica e completa.

Algum tempo depois, mãe e filha estavam na cozinha, onde o aroma de um chá de ervas recém-preparado e o estalido suave das torradas transformavam aquele momento em um pequeno oásis de conforto. O ambiente acolhedor parecia a promessa de que, mesmo com os desconfortos de mais cedo, o carinho e o cuidado sempre fariam a diferença.

Enquanto sorviam o chá, Scully, com um sorriso carregado de memórias, recomeçou a compartilhar as confidências do passado. Com voz mansa e toque de humor, ela revelou:

- Laura, era por isso, que eu expulsava o Mulder de minha cama ou de minha casa antes de dormir. Quando eu estava no começo da tua gravidez, eu ficava enjoada todas as manhãs. Às vezes, passava mal de madrugada. Depois, eu não queria que ele visse aquela parte frágil de mim, sabe? Afinal, éramos pais mais velhos, fora do padrão tradicional. Eu preferia guardar minhas angústias e meus enjoos para mim mesma.

- Vocês não esperavam ter mais nenhum filho?

- Não. Depois do Jackson, não.

- Mamãe, eu também simplesmente aconteci?

Scully riu emocionada:

- Você foi o nosso presente. Contei que estava grávida de você numa situação tensa. O Jackson tinha sido dado como morto, uma confusão. Estávamos muito tensos, tristes, mas você já estava no meu ventre e reencontramos nosso caminho. Estávamos morando em casas separadas. Ainda ficamos uns meses assim. Depois, eu aceitei voltar para cá. Mulder e eu reconstruímos nosso lar e nossa vida em torno da barriga que acolhi e protegia você.

- Mãe, vocês estão preocupados que eu segui o exemplo de vocês?

- Sim. Comentei minhas desconfianças com o seu pai. Perdão, filha, mas…

- Vocês são um só, mãe. Não se preocupe.

- Mas eu sei, Laura, que o Ryan e você são um casal moderno. Farão o melhor para essa criança. Vocês já tinham falado em filhos? Pensaram ao menos?

Com uma voz trêmula, mas sincera, Laura confidenciou que ela e Ryan já haviam conversado sobre a possibilidade de ter filhos. No entanto, ela revelou que o medo do novo e da responsabilidade a fazia hesitar.

- O Ryan e eu falamos sobre ter filhos algum dia, mas eu ainda estou com um certo receio. Sinto medo de enfrentar tudo isso.

- E está tudo bem, filha.

- Ah… De um jeito meio bobo, ele me contou uma fantasia. Ryan me disse que se eu engravidasse, teria que anunciar a notícia e, logo em seguida, ficar com enjoo. Quase como um sinal automático, sabe?

- Com nesta manhã? – Scully soltou uma risada suave, fazendo a leve alusão à situação com humor – Ah, querida, isso é bobagem, mas bonitinho! Só acho que, como você já está com mais sinais da gravidez, – ela deu um sorriso maroto e continuou – talvez o rapaz acabe vendo o desejo dele atendido.

Entre goles de chá e risadas contidas, mãe e filha continuaram a conversa. Scully explicou que cada gravidez tem seu próprio ritmo e que o importante era sempre ouvir o corpo e tratar os sinais de mal-estar com a devida atenção. Reafirmou o compromisso de estar sempre ao lado de Laura, pronta para acompanhá-la em cada nova etapa. E assim, entre confidências e sorrisos, Laura sentiu-se mais acolhida e preparada para enfrentar os desafios do novo ciclo que se anunciava, com a certeza de que, independentemente dos medos, ela sempre teria o apoio e o amor incondicional da mãe.

Pouco depois, Scully e Laura estavam prontas para a viagem. Era uma clara e serena, e Ryan chegou para buscá-las. Durante a viagem, o clima ficou leve e, para surpresa de Laura, o trajeto não perturbou seu estômago. Ela sentia uma felicidade delicada.

Enquanto Scully estava no banco traseiro, o jovem casal na frente conversava sobre inúmeros assuntos. Nunca concluindo um! De vez em quando, trocavam uns carinhos e beijinhos. A mãe sorriu. Sua filha estava feliz e caminhando para uma nova etapa da vida.

Ao chegarem à casa do irmão, Laura pediu para conversar com Madeleine, sua cunhada. No início, a conversa fluiu entre comentários aleatórios e trivialidades, mas, logo, o assunto se voltou para a possibilidade de uma gravidez. Madeleine, com um olhar compreensivo, abraçou a cunhada com ternura e se dispôs a acompanhá-la ao médico, caso ela quisesse companhia. Laura, por sua vez, confessou que o teste havia dado positivo naquela manhã e ela já tinha o sentimento de que algo novo se anunciava já pulsava.

- Laurinha, se precisar, estarei aqui para você! Cunhadinha, estou feliz por você e pelo Ryan.

- Ele ainda não sabe. Vou contar para papai.

- Então, vai. Enquanto isso, vou subindo alguns enfeites para o terraço.

Laura viu a cunhada sair do apartamento, carregando alguns adereços. Então, com o coração inquieto e a coragem renovada, a jovem procurou o pai para uma conversa séria. Sentados no aconchego de um dos recantos tranquilos da sala, ela perguntou:

- Papai, sabia que a mamãe está certa?

- Sua mãe, 95% das vezes está certa, 4% você e 1% eu. – Mulder riu – Precisa de colinho?

- Das suas mãos, papai. – Laura pegou nas mãos do pai entre as dela e timidamente continuou – O mal-estar que eu venha sentindo durante todos esses dias é sinal de gravidez. Hoje, senti enjoo e fiz o teste. Deu positivo, pai! Estou grávida! – ela contou sorrindo com lágrimas nos olhos.

Mulder riu com uma mistura de nostalgia e ternura. Abraçando a filha com emoção, ele disse, entre suaves risos:

- Minha menininha será mamãe em breve! – ele beijou as mãos da filha.

- Ah, pai… Sou uma mulher agora.

- Eu sei. – curioso e preocupado, Mulder perguntou – O futuro papai já sabe?

- Não, pai. Não contei para ele. Nem tenho ficado com ele até a hora de acordar.

- Você é igualzinha sua mãe. Ela já deve ter te contado como ela fazia comigo quando estava te esperando. – ele fez uma cara engraçada.

- Contou, pai. – Laura riu.

- Quando vai contar para o Ryan?

Laura, com o olhar sério, contou:

- Pretendo contar amanhã. Vamos dormir na suíte de hóspedes e ele deve saber… Ah, acho que a fantasia dele vai se realizar?

- Laura! – Mulder fingiu estar em pânico.

- Bobo! – ela riu e olhou o pai carinhosa – Quando Ryan e eu falamos sobre filhos, ele me contou que quando eu revelasse a gravidez, teria que anunciar a notícia e, logo em seguida, ficar com enjoo. Mamãe disse que agora ele pode ter sorte.

Mulder sorriu, emocionado e orgulhoso, e parabenizou a filha:

- Seu namorado tem uma ideia romanticazinha, hein? Parabéns, menininha do papai! Posso? – Mulder apontou com a cabeça para o ventre da moça.

- Sim, pai. – ela estava chorando lágrimas de alegria.

Com um gesto afetuoso, acariciou levemente o ventre que começava a se manifestar. Naquele instante, entre risos, abraços e a delicada esperança de um novo futuro, pai e filha se uniram para enfrentar juntos os mistérios e as maravilhas que a vida reservava, prontos para transformar dúvidas em alegrias e os pequenos sinais do corpo em trilhas para uma nova jornada familiar.

 

Continua…

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