15/05/2025

A polêmica dos últimos tempos: a ascensão renovada do Body Shamming



Em idos tempos, eu recebi alguns apelidos no meu ambiente de trabalho. Iniciou-se com um apelido que retornou a minha vida recentemente: gorda maldita. Oras, gorda sou mesmo, mas o adjetivo maldita tem de ser explicado.

Como esse apelido está sendo por pessoas piedosas, caridosas e que vivem (de favor e de forma oportunista) em ambiente religioso, acabei questionando. Inclusive porque hoje eu só sofro preconceito em ambientes fora do meu trabalho (hoje, trabalho em um ambiente saudável e com muito respeito). Só que minha atenção foi chamada por reclamar do apelido. Como assim eu estava achando ruim? Então, me calei.

Pesquisando pela Internet e, principalmente, reclamando das situações (inclusive de barreiras arquitetônicas), fui informada de que o movimento Body Positivity havia sido sufocado por médicos e por outro movimento, o Body Shaming.

Fiquei pesquisando em silêncio, até que postei uma foto minha e ofendi umas pessoas com a imagem. Percebi que tinha algo de diferente pairando.

Fiz uma breve análise por lugares onde andei: há espaços onde corpos gordos não são tolerados (ainda bem que estou proibida de entrar, mas há uma casa de cursos, que os banheiros são adequado somente para pessoas magras - estou proibida de entrar pela pessoa que me deu o apelido gorda maldita por último), marcas chamadas plus size estão deixando de existir, outras marcas que tinham produtos que gordos podiam usar, deixaram de fabricar os produtos. Então, a tolerância diminuiu.

Mas, o que é Body Shaming? Para de ficar balbuciando e reclamando, Rosa Maria.

O termo refere-se à prática de criticar, ridicularizar ou envergonhar pessoas por suas características físicas. Essa postura crítica pode se manifestar de várias maneiras: desde comentários depreciativos e apelidos ofensivos, até pressões diretas e discursos de ódio que se espalham nas redes sociais. Em um ambiente onde as palavras são amplificadas e as atitudes se cristalizam, as consequências para a saúde emocional e mental podem ser devastadoras, aprofundando sentimentos de inadequação e insegurança.

Em contraposição, surge o movimento Body Positivity, com a proposta de celebrar a diversidade corporal, incentivando o amor próprio e a aceitação de todas as formas e tamanhos, combatendo os padrões estéticos hegemônicos e oferecendo um espaço onde cada pessoa pudesse se reconhecer e se valorizar. 

Contudo, com o passar do tempo, críticas, inclusive de alguns setores da comunidade médica, e a comercialização dessa mensagem contribuíram para a diluição de sua essência original. Hoje, muitos veem que o discurso positivo foi abafado por narrativas que, em essência, reforçam críticas e exclusões, transformando o que deveria ser um movimento libertador em um campo de disputa e apagamento das vozes que clamavam por respeito.

Diante de tudo, eu, como mulher, gorda e com deficiência adquirida, vejo que não me encaixo em lugar nenhum. Tenho de me calar e aceitar apelidos e críticas.

Fala-se tanto dos tais impactos emocionais do tal Body Shaming, porém concluo que é um grupo até benéfico. Recebi a lista de efeitos positivos deste movimento na vida das pessoas e um vídeo de uma influenciadora dizendo que ela "não odeio gordos, mas corpos gordos, corpos desleixados" etc. Ressalto que o Body Shamming é uma prática de crítica e ridicularização que visa envergonhar alguém por suas características corporais. Vamos ao efeitos positivos:

- Incentivo a reflexão sobre hábitos e mudanças para se ter saúde ou, ao menos, tentar recuperar a saúde;

- Reforço dos padrões sociais e estéticos, pois somente corpos adequados serão aceitos. Os demais deverão ser marginalizados;

- Motivação para transformações e adequação ao corpo correto.

Posso não concordar, mas terei de me calar, porque o movimento está tão forte, que tenho medo.

É isso! Fica para sua reflexão!

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