18/05/2020

Para conhecer sem sair de casa e quando puder sair também: Casa de Cora Coralina

O Era Virtual tem vários locais para fazer visitas virtuais.

Museu Casa de Cora Coralina
Fonte: curtacidadedegoias.com.br
Comecei por visitar um local que era um sonho: a Casa de Cora Coralina.

É uma visita guiada pela Casa Velha da Ponte. O audioguia tem de estar ligado. A própria Cora Coralina nos leva a visitar sua casa e sua história. Tem os narradores que nos brindam com trechos das lindas poesias da autora.

Encanta-nos com seus belos textos e histórias. Uma que me marcou foi que uma tia de Cora Coralina gostava de fazer as pessoas pedirem perdão, na Festa do Divino Espírito Santo. Essa senhora colocava as mãos das pessoas brigadas sobre a Bandeira do Divino, para que o Espírito Santo, com os seus sete dons, iluminasse-as e os inimigos se perdoassem.

Há uma sala que tem a correspondência entre Cora Coralina e Carlos Drummond de Andrade. É de arrepiar. E tem a que trocou com Jorge Amado. E tem a carta de Chico Xavier. 

E o quintal? Um espetáculo! O jardim também nos transporta a um outro tempo. E a biquinha d'água? Um cenário, uma história...

A cozinha também é um lugar mágico. Cora fazia doces poesias.

Era uma vez..."Maria Grampinho" - xapuriinfo.dream.pressTambém tem a interessante história da Maria Grampinho. Como toda cidade, Goiás Velho também possui personagens folclóricos. Uma delas era a Maria. Maria da Purificação ou Maria Grampinho, era uma andarilha, descendente de escravos e que agregava a sua roupa tudo o que encontrava pela frente: plásticos, retalhos, botões velhos. Usava muitos grampos no cabelo, por isso o apelido. Foi acolhida por Cora Coralina e morou até o final da década de 1940, ao lado da bica d'água. Era uma mulher muito simples e fazia suas próprias roupas. Podemos ver seus pertences expostos na casa.  Teve um poema dedicado à ela:

Coisas de Goiás: Maria

"Maria. Das muitas que rolam pelo mundo.
Maria pobre. Não tem casa nem morada.
Vive como quer.
Tem seus mundos e suas vaidades. Suas trouxas e seus botões.
Seus haveres. Trouxa de pano na cabeça.
Cora Coralina: Era uma vez... "Maria Grampinho"
Fonte: anacoralina.blogspot.com
Pedaços, sobras, retalhada.
Centenas de botões, desusados, coloridos, madre-pérola, louça
Vidro, plástico, variados, pregados em tiras pendentes.
Enfeitando. Mostruário.
Tem mais, uns caídos, bambinelas, enfeites, argolas, coisas dela.
Seus figurinos, figurações, arte decorativa,
Criação, inventos de Maria.
Maria Grampinho, diz a gente da cidade.
Maria sete saias, diz a gente impiedosa da cidade.
Maria. Companheira certa e compulsada.
Inquilina da casa velha da ponte." (Cora Coralina)


A Maria existiu. Foi de carne e osso. Hoje, virou boneca de pano e a venda das bonecas geram renda para a população.



Cora Coralina: Setembro 2007
Fonte: anacoralina.blogspot.com
Sabe quem foi a eterna Cora Coralina? Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas, nasceu a 20 de agosto de 1889, na Vila Boa de Goyaz, que é hoje é a cidade de Goiás, declarada Patrimônio Mundial pela UNESCO, em 2001. Filha do Desembargador Francisco de Paula Lins dos Guimarães Peixoto e de D. Jacintha Luiza do Couto Brandão, estudou até a terceira série primária. Teve Mestre Silvina como professora. Sua história vai se desenrolar com simplicidade e muita poesia.

Após a morte da poetisa, em 27 de setembro de 1985, foi criada a Associação Casa de Cora Coralina, por amigos e parentes dela. O museu foi inaugurado em 20 de agosto de 1989, em comemoração aos 100 anos de nascimento de Cora Coralina.

Todo o acervo foi doado pela família.

A casa foi construída por volta do ano de 1770. Teve vários moradores ilustres: Capitão José Joaquim Pulquério dos Santos, Capitão-Mor da Coroa Portuguesa; Coronel José Amado Grehon, Secretário do Governo da Capitania; João José do Couto Guimarães, Sargento-Mor, trisavô de Cora Coralina. Passa pertencer à família até 1985, quando a construtora Alcindo Vieira, de Belo Horizonte, adquiri o imóvel e doa à Associação Casa de Cora Coralina.

A casa tem 16 cômodos, um amplo quintal e a bica d'água potável, totalizando 3.000 m².

Uma experiência tão vívida que risquei a visita a esse museu da minha lista de coisas impossíveis para fazer antes de morrer.

Um marco para Goiás e para o Brasil!

Reserve umas boas duas horas para fazer essa visita!

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