17/11/2024

#7 - Carolina Maria de Jesus

 Desde 2022, sou consumidora dos livros infantis da Editora Mostarda. Na Bienal Internacional do Livro de São Paulo 2024, comprei mais alguns títulos. 

(Sim! A branca está aberta a aprender sobre ícones do povo negro!)

Continuando as leituras necessárias, por ocasião do Mês de Zumbi e da Consciência Negra, escolhi o livro "Carolina", que nos traz a trajetória de uma mulher de fibra, uma das maiores escritoras brasileiras. Empregada doméstica, catadora de papel e moradora da favela do Canindé, lançou o livro "Quarto de despejo: Diário de uma favelada" e tornou-se conhecida internacionalmente.

O livro faz parte da coleção Black Power, que apresenta biografias de personalidades negras que marcaram época e são inspiração e exemplos para as novas gerações (e para todxs nós). As obras narram a vida e os ensinamentos que esses personagens nos deixaram. Acima de tudo, pretendem ressignificar os valores e costumes sociais como o racismo, preconceitos, intolerâncias e violências.

São textos simples e de uma beleza ímpar. As ilustrações nos levam a refletir muito sobre as situações vivenciadas pelas pessoas retratadas. 

A Editora Mostarda apresenta ao público (em especial, o infantil) livros maravilhosos e também edições especiais, além de boxes especiais com as coleções e brindes especiais. E ainda tem a versão acessível em Braille e fonte ampliada.

Lembro que o ensino da História e Cultura Afro-Brasileira é obrigatório na Educação Básica, de acordo com a Lei nº 10.639/2003.

Há também uma coleção sobre os indígenas, nossos povos da floresta, donos dessa terra. E vários livros educativos, excelentes para se promover uma educação antirracista, diversa, plural e humanizada.

Um livro infantil que deve ser lido por crianças e adultos. Leitura obrigatória!!! Vale muito a leitura!!!

Visite o site da Editora Mostarda: https://www.editoramostarda.com.br/



#6 - Orixás do Terreiro do Samba: Exu e Ogum no Candomblé da Vai-Vai, de Cláudia Alexandre

Um livro para aprender e beber cada palavra!

Antes de iniciar a leitura, pedi licença para adentrar um território que não é meu e coloquei-me à disposição para aprender o que aquelas páginas tinham a me ensinar.

Um livro que vai além de aprender sobre o samba e a cultura afro. Aprendemos sobre a religião, sobre povos que trazem em seus corpos, suas vozes, canções e expressões uma história de luta, resistência, alegrias, religiosidade e espiritualidade.

A jornalista Claudia Alexandre, a partir de um olhar “desfragmentado”, autorizado e decolonizado, apresenta o resultado de sua pesquisa sobre duas manifestações culturais que dialogam entre si e que ajudaram a formar o que entendemos como identidade nacional: o samba e as religiões de matrizes afro-brasileiras. 

A autora nos apresenta a encruzilhada da Escola de Samba Vai-Vai, território negro paulistano onde reinam Exu, o orixá mensageiro, e Ogum, o guerreiro.

A presença do povo preto desde antes da fundação da escola; o pavilhão preto e branco, com ramos de café e uma coroa de rei; o surdo de primeira, uma divindade que dá o ritmo na avenida; o toque para os orixás e as procissões que embalam as ruas do bairro; os altares para os santos das macumbas; o pai de santo e o quarto de Exu e Ogum, são nos apresentados em uma leitura gostosa e que flui como a escola de samba na Avenida. 

A obra é fruto da dissertação de Mestrado em Ciência das Religiões de Claudia Alexandre, mas tem uma linguagem direta e muito envolvente.

Mesmo com as tentativas de apagamento de sua origem e, principalmente, da presença do negro e de suas religiões na cultura, na história do samba e das escolas de samba, Claudia busca resgatar uma forma ancestral de perceber o mundo e religar esses universos ao ambiente acadêmico, revisitando acervos das experiências negro-africanas em diáspora e buscando caminhos para (re)escrever a História do Brasil. A africanidade se (re)compõe para continuar desafiando as narrativas que insistem em colocar samba de um lado e orixás de outro. "Sambando a gente reza; rezando a gente samba!"

Li esse livro depois das atrocidades cometidas pela empresa, que está construindo a Linha 6 - Laranja do Metrô. O território não foi respeitado. Vestígios do Quilombo Saracura foram encontrados e não tiveram o devido tratamento. A demolição da Vai-Vai ocorreu sem a devida autorização, causou danos aos imóveis vizinhos. Porém, a Vai-Vai vive na tradição oral, na história das pessoas que por lá passaram e nas marcas que seus integrantes carregam.

Uma leitura necessária para celebrarmos a cultura do povo negro no Mês da Consciência Negra (não só em novembro, mas sempre esse livro deve lido e relido!).

Agradeço cada ensinamento, cada reflexão e cada questionamento suscitado por esse livro!

Vale muito a leitura!